RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Em seu plano estratégico anunciado nesta quinta-feira (21), a Petrobras incluiu como novidade o retorno ao setor de etanol, com previsão de investimentos de US$ 2,2 bilhões (R$ 14 bilhões) nos próximos cinco anos e planos de disputar a liderança do setor até 2050.
O plano de longo prazo mantém o foco no petróleo, ressaltou a presidente da companhia, Magda Chambriard, mas busca diversificar fontes de energia para manter a relevância com o declínio da demanda por combustíveis fósseis.
A estratégia, porém, mudou em relação ao plano anterior, aprovado na gestão Jean Paul Prates, com atenção maior a biocombustíveis líquidos do que à geração de eletricidade por meio de usinas eólicas ou solares.
Magda disse que a aposta em combustíveis líquidos “respeita o DNA” da Petrobras, que já tem infraestrutura instalada para a produção e distribuição desses produtos. “Antes, a gente falava em elétron, agora falamos em molécula”.
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim, disse que a empresa já vem conversando com possíveis parceiros para a formação de uma joint venture no setor. “A ideia é começar grande”, afirmou.
A Petrobras já teve ativos no setor, mas vendeu suas fatias no governo Michel Temer. Tolmasquim afirmou que a ideia é fechar parcerias o mais rápido possível.
A estratégia considera que a gasolina perderá espaço no mix de vendas de combustíveis automotivos na próxima década. Portanto, é natural para a empresa investir no principal concorrente, evitando perda de mercado.
Tolmasquim afirmou ainda que a produção de etanol contribui também para a entrada nos mercados de combustíveis sustentáveis de aviação, de biometano e de metanol sustentável.
A Petrobras prevê manter sua participação de 31% sobre o fornecimento de energia ao Brasil em 2050. Naquele ano, entre 8% e 10% da fatia da empresa virá de energias renováveis, segundo o planejamento estratégico.
O petróleo e o gás natural ainda responderão por cerca de 90% da contribuição da estatal, mas ainda assim Magda diz que o plano “está completamente em sintonia” com os compromissos brasileiros de zerar emissões líquidas de carbono até 2050.
Segundo o gerente executivo de Estratégia da Petrobras, Mario Jorge da Silva, a visão 2050 respeita cinco pilares: foco em óleo e gás com resiliência econômica e ambiental, reposição de reservas, ampliação do parque industrial, neutralidade das emissões e liderança na transição energética justa.
Em sua estratégia de baixo carbono, a empresa prevê ainda US$ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bilhões) para biorrefino, com a produção de derivados usando também matéria-prima vegetal, e US$ 0,6 bilhão (R$ 3,4 bilhões) para biodiesel e biometano.
Energias de baixo carbono, como solar e eólica, terão US$ 5,7 bilhões (R$ 32 bilhões) e descarbonização, US$ 5,3 bilhões (R$ 30 bilhões).
O novo plano de investimentos de cinco anos anunciado na quinta prevê um orçamento de US$ 111 bilhões (R$ 640 bilhões), contra US$ 102 bilhões (R$ 580 bilhões) da versão anterior, aprovada em 2023.
A área de exploração e produção terá um orçamento de US$ 77 bilhões (R$ 440 bilhões), com a inclusão de novos projetos de revitalização de campos antigos e US$ 7,9 bilhões (R$ 45 bilhões) destinados à busca por novas reservas, além de dez novas plataformas de produção.
Na área de refino, o investimento proposto na versão preliminar do plano sobe de US$ 17 bilhões (R$ 97 bilhões) para US$ 20 bilhões (R$ 114 bilhões), com o avanço de obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e no Complexo Boaventura, antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Outra novidade no plano, destacou a presidente da Petrobras, são os investimentos em fertilizantes e petroquímica. A meta é produzir 2,8 milhões de toneladas de ureia e 370 mil toneladas de amônia com a retomada de operações de três unidades já prontas e a conclusão de obras paralisadas em Três Lagoas (MS).