RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), se envolveu nesta sexta-feira (22) numa discussão virtual com o senador Sérgio Moro (União-PR), que saiu em defesa do juiz afastado Marcelo Bretas, parceiro na condução dos desdobramentos da Operação Lava Jato.

Paes chamou os dois de delinquentes numa discussão iniciada por uma postagem de Bretas sobre o plano para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

O bate-boca virtual no X teve como origem uma postagem de Bretas na quinta-feira (21), na qual o juiz afastado disserta sobre a tentativa de um crime e a desistência voluntária.

O magistrado não faz referência direta à investigação sobre o plano de assassinato, mas afirma que a legislação “orienta que nenhum pensamento ou desejo humano pode ser considerado criminoso, a não ser que se manifeste e provoque uma conduta injusta que prejudique um bem jurídico”. A tese de ausência de infração também foi levantada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Paes replicou a mensagem de Bretas com o texto: “Delinquente sendo deliquente”. Moro respondeu ao prefeito: “Delinquentes eram os seus amigos que ele prendeu”.

O prefeito passou então a atacar os dois condutores da Lava Jato.

“Vocês dois são o exemplo do que não deve ser o Judiciário. Destruíram a luta contra a corrupção graças à ambição política de ambos. Você ainda conseguiu um emprego de ministro da Justiça e foi mais longe na política. Esse aí [Bretas] nem isso. Ele era desprezado pelo próprio [Jair] Bolsonaro que fez uso eleitoral das posições dele. E quem me disse isso foi o próprio ex-presidente. Recolha-se à sua insignificância. Aqui você não cresce! Lixo!”

Paes é um dos responsáveis pelo afastamento de Bretas da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, onde conduzia a Lava Jato fluminense. Ele acusou o magistrado no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de atuar de forma política em processos que tratavam sobre corrupção de agentes públicos durante seus dois primeiros mandatos à frente da prefeitura.

A representação foi umas das três que levaram ao afastamento temporário de Bretas, em fevereiro de 2023. O CNJ ainda não concluiu as investigações.