A Polícia Federal identificou 10 generais, 16 coronéis, um almirante e outros envolvidos em um suposto plano golpista que incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. A Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19), revelou uma rede no alto escalão das Forças Armadas discutindo a ruptura democrática e a “pacificação” do país sob controle de aliados de Jair Bolsonaro.

O principal alvo da operação foi o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo no governo Bolsonaro. Conversas extraídas de seu celular mostraram críticas ao Alto Comando do Exército, planos para modificar promoções militares e mensagens que expressavam insatisfação com a falta de apoio da cúpula do Exército ao plano golpista. Entre os materiais apreendidos, estavam documentos como o plano “Punhal Verde-Amarelo”, que previa o envenenamento de Lula e o uso de uma bomba para assassinar Moraes, além de uma minuta para instaurar um gabinete de crise liderado por aliados de Bolsonaro, como os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto.

Com outros investigados, como o major Rafael de Oliveira, foram encontrados documentos relativos à “Operação Copa 2022”, que discutia a prisão e execução de Moraes. O tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, por sua vez, possuía uma planilha detalhando mais de 200 passos para a ruptura democrática.

As mensagens trocadas por Fernandes com outros militares, como o coronel Roberto Criscuoli, refletiam um tom alarmista e discutiam a possibilidade de uma guerra civil caso o plano não fosse executado rapidamente. Outros diálogos destacaram a insatisfação com os limites constitucionais e a defesa de ações imediatas para evitar a “destruição” do Exército e do país. O general Reginaldo Vieira de Abreu, por exemplo, criticou a obediência à Constituição, afirmando: “Quatro linhas é o cacete. Estamos em guerra.”

As investigações apontam também a relação próxima de Fernandes com figuras ligadas a Bolsonaro, como o capitão Sérgio Rocha Cordeiro e o coronel Marcelo Câmara, que foram alvos de operações anteriores. Os diálogos indicam articulações para questionar as eleições e enfraquecer a confiança nas urnas eletrônicas.

Até o momento, as defesas dos investigados e o Exército não se manifestaram sobre o caso. Em nota, o Exército declarou que não comenta investigações conduzidas por outros órgãos, mantendo sua postura de respeito às instituições republicanas.