CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Duas explosões atingiram a praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite desta quarta-feira (13), levando apreensão às classes política e jurídica da capital federal um ano e dez meses após os ataques golpistas contras as sedes de STF (Supremo Tribunal Federal), Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
Um corpo foi encontrado próximo ao prédio do STF, e o Corpo de Bombeiros no Distrito Federal confirmou que houve uma morte no local.
A Polícia Militar foi acionada, e o Batalhão de Operações Especiais, o Bope, iniciou uma varredura na região.
Além da explosão perto do STF, outra foi registrada, segundo os Bombeiros, em um carro próximo a um dos anexos da Câmara dos Deputados, também nas proximidades da sede do Judiciário.
Naquele momento, a Câmara votava uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre isenção tributária para igrejas. A votação foi suspensa e os trabalhos encerrados após as explosões.
O Senado discutia um projeto sobre emendas parlamentares -a votação na Casa prosseguiu mesmo após as explosões, e a proposta teve seu texto-base aprovado pela maioria.
Os barulhos foram ouvidos por volta das 19h30. Na explosão perto da Câmara, um vídeo mostrava que havia muita fumaça saindo de um veículo.
A suspeita, segundo policiais ouvidos pela reportagem no local, é que as duas explosões tenham relação com a mesma pessoa, depois encontrada morta próximo ao prédio do STF.
Agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que fazem a segurança do Palácio do Planalto correram para entender a situação assim que ouviram as explosões.
O GSI informou que iria fazer varredura no Palácio do Planalto. O presidente Lula (PT) não estava mais no local nesta quarta -desde por volta das 17h30. Ele estava no Palácio do Alvorada, onde também se encontrava o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, disse repudiar o ataque. “A Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da praça dos três Poderes. Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como reestabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível.”
A PF também enviou o COT (Comando de Operações Táticas) e seu grupo Antibombas para a praça dos Três Poderes, onde iriam auxiliar na varredura e nas primeiras apurações sobre o ocorrido.
A corporação também vai abrir uma investigação para apurar as explosões, a morte e se há relação entre elas.
Segundo o GSI, foi acionado um dos níveis do chamado Plano Escudo, com reforço do Exército, diante da preocupação de que pudesse não se tratar de uma ação isolada.
O prédio do STF começou a ser evacuado por volta das 20h. Em nota, a corte disse que os ministros foram retirados do prédio.
“Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela. Mais informações sobre as investigações devem aguardar o desenrolar dos fatos. A Segurança do STF colabora com as autoridades policiais do DF”, diz nota do Supremo.
A corte havia encerrado a sessão de julgamento pouco antes das explosões.
A PM (Polícia Militar) do Distrito Federal cercou o local e informou que iniciou uma varredura para saber se havia mais explosivos.
“Quando acontece uma ocorrência com suspeita de explosivo, que tem explosão, é acionada a operação Petardo da PM, que o Batalhão de Operações Especiais, o Bope, vai até o local para fazer uma varredura para verificar se há mais explosivos. É possível que na explosão nem todos explosivos tenham sido detonados”, disse o major da PM Raphael van der Broocke.
“Para segurança de outras pessoas e até para remoção do corpo é necessário fazer essa varredura”, completou o major.
Segundo uma testemunha, um homem passou em frente a um ponto de ônibus, que fica na praça dos Três Poderes, deu um aceno a quem estava lá e logo depois se ouviu uma primeira explosão.
“Os seguranças ouviram e, quando estavam chegando, ele jogou a outra, aí eles se afastaram e recuaram”, disse Layana Costa, funcionária do TCU (Tribunal de Contas da União), cujo prédio também fica próximo da praça dos Três Poderes.