CÉZAR FEITOZA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou neste domingo (10) que o governo avalia usar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como substituto da prova do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) para os alunos do terceiro ano.
Segundo o ministro, o Inep (Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais) será responsável por avaliar a mudança e estudar sua implementação. A ideia é usar os resultados do Enem para avaliar o desempenho dos alunos no último ano da educação básica.
“Às vezes, o aluno do terceiro ano do ensino médio prioriza o Enem em detrimento do Saeb. Estamos avaliando a prova do Enem já servir como a prova do Saeb. O Inep terá prazo até antes das inscrições do Enem no próximo ano para concluir essa recomendação”, disse Camilo durante apresentação do balanço do segundo dia de Enem.
O ministro justifica a mudança como forma para dar mais eficiência às avaliações do ensino básico no Brasil. A ideia, ainda, é reduzir a abstenção dos alunos concluintes do ensino médio na prova do Enem.
Conhecido pela sigla Saeb, o Sistema de Avaliação da Educação Básica é um conjunto de avaliações do ensino brasileiro realizado pelo Inep.
As provas são aplicadas a cada dois anos na rede pública e em uma amostra da rede privada. Os resultados são usados para compor o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Criado em 1998, o Enem surgiu justamente com a proposta de avaliar o conhecimento de alunos brasileiros ao final do ensino médio. Porém, foi reformulado em 2009 para servir também como forma de seleção para universidades federais e, ao longo dos anos, se consolidou como a principal forma de acesso ao ensino superior no Brasil.
Camilo também disse neste domingo que avalia usar o Enem para dar certificado de conclusão do ensino médio para inscritos com mais de 18 anos.
O uso do exame para certificação valeu até 2017. Hoje, o certificado é obtido por meio do Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos).
“[O Enem] tem um número maior de locais de aplicação de prova. A ideia é manter o Encceja para quem está no Ensino Médio, mas possibilitar que esse jovem tenha a oportunidade, com o Enem, de receber o certificado. Isso dá mais abrangência para o acesso à prova, e também para que ele já consiga entrar na universidade”, disse o ministro.
A abstenção no segundo dia de prova do Enem foi de 30,6%, segundo o balanço parcial divulgado neste domingo pelo Ministério da Educação e pelo Inep. Este é o menor percentual dos dois últimos anos.
Camilo Santana disse que pediu dados detalhados sobre a abstenção de alunos do 3º ano do Ensino Médio. A redução desse percentual é um dos focos do Ministério da Educação.
O fortalecimento do Enem, com o uso do exame para certificação e avaliação do Saeb, converge no esforço do governo Lula (PT) para ampliar a participação de alunos que terminam o Ensino Médio na prova.
“É uma demanda desafiante, e queremos discutir o fortalecimento do Enem como instrumento de certificação de conclusão do Ensino Médio e de avaliação da rede de educação básica”, disse o presidente do Inep, Manuel Palácios.