O ex-coach Pablo Marçal, que obteve o terceiro lugar nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, está em negociações para se filiar ao União Brasil com vistas à eleição presidencial de 2026. Caso a aliança se concretize, ele poderá disputar a Presidência com o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que também almeja o Palácio do Planalto.

Marçal confirmou ao Estadão que está em conversações com o União Brasil, e o presidente do partido, Antonio Rueda, também confirmou o diálogo. No entanto, ambos evitam confirmar qualquer pacto definitivo, embora um aliado de Marçal aponte o primeiro semestre de 2025 como o período para sua filiação. Rueda, em entrevista, afirmou que, caso Marçal queira ser candidato à Presidência, terá que se filiar ao partido. Além disso, ele reiterou que, no momento, a pré-candidatura de Caiado é a prioridade do União Brasil. O governador, por sua vez, afirmou que não impediria a entrada de Marçal na legenda, destacando a boa relação entre os dois, ambos goianos, mas reafirmou sua intenção de ser o candidato do partido.

Ambos, Caiado e Marçal, compartilharam críticas a Jair Bolsonaro (PL) nas eleições passadas, dividindo o espectro político da direita. Caiado teve um confronto indireto com o ex-presidente durante as eleições municipais, ao apoiar o candidato Sandro Mabel (União Brasil), enquanto Bolsonaro apoiava Fred Rodrigues (PL). Marçal, por sua vez, teve uma relação conflituosa com Bolsonaro, chegou a pedir que o ex-presidente devolvesse recursos de doações feitas a ele durante as eleições de 2022 e exigiu um pedido de desculpas que nunca aconteceu. Recentemente, Marçal publicou um vídeo nas redes sociais direcionado a Bolsonaro, pedindo que o ex-presidente “cuidasse da sua vida”.

Marçal apresenta bons resultados nas pesquisas de intenção de voto

Após ser derrotado no primeiro turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, Marçal já indicava a possibilidade de se lançar como candidato ao governo de São Paulo ou à Presidência da República em 2026. Ele tem se mostrado mais inclinado à candidatura presidencial. Uma pesquisa recente da Genial/Quaest apontou que Marçal possui 18% das intenções de voto para o Planalto, figurando como o terceiro colocado, atrás apenas do presidente Lula (32%) e de Tarcísio de Freitas (15%). O nome de Caiado não foi testado neste cenário. Um aliado de Marçal dentro do União Brasil afirma que, caso ele se filie ao partido, sua popularidade nas pesquisas o colocaria como o principal nome da sigla para a presidência.

Além disso, o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, já declarou que Marçal seria o candidato do partido à Presidência, mas questionou uma possível filiação ao União Brasil, apontando que o ex-coach poderia se tornar “refém” dos interesses de outros caciques do partido, limitando suas ambições.

Histórico com o União Brasil e desafios jurídicos

A aproximação de Marçal com o União Brasil remonta à sua pré-campanha para a Prefeitura de São Paulo, quando o ex-coach iniciou conversas para uma possível aliança com a legenda. Naquele momento, Marçal afirmou que o União Brasil queria “sua alma” para apoiá-lo na corrida eleitoral. No entanto, o partido acabou fechando apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). Apesar disso, após obter 28,14% dos votos no primeiro turno, Marçal voltou a procurar outros partidos, incluindo o União Brasil, buscando fortalecer sua posição para o futuro político.

Marçal, no entanto, enfrenta um obstáculo significativo: a possibilidade de inelegibilidade. Ele é alvo de várias ações judiciais, incluindo uma denúncia por divulgar um laudo médico falso para acusar seu rival, Guilherme Boulos (PSOL), de uso de drogas. Caso seja condenado, ele poderia enfrentar uma inelegibilidade de até oito anos, o que comprometeria seus planos de candidatura. Marçal, até o momento, não se manifestou publicamente sobre esses processos.