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Da redação

O município de Colinas do Sul, região turística da Chapada dos Veadeiros, no Nordeste goiano sedia a partir desta sexta-feira (7/7), a 71ª edição da Caçada da Rainha, festa que acontece há mais de meio século, reunindo devoção, tradição, religiosidade, cultura e importantes fatos da história do Brasil. O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), investiu cerca de R$ 200 mil na realização do evento que tem a expectativa de atrair 20 mil turistas à cidade.

“Valorizar e preservar as tradições e a cultura regional é mais que um dever, é um compromisso e um cuidado especial do Governo do Estado, que não tem medido esforços para zelar pelo patrimônio e a memória goiana. É assim que queremos gerenciar a cultura em Goiás, enaltecendo o que temos de mais valioso, que são as nossas raízes, costumes e tradições,” reforça Yara Nunes, secretária de Estado da Cultura.

Um espetáculo ao ar livre encenado anualmente na cidade, a Caçada da Rainha é celebrada através de um sincretismo cultural e religioso, que tem início com a Alvorada ou saída das Folias do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário. Após percorrer o município, as Folias arrematam no sábado (08/07), dando lugar a Caçada da Rainha propriamente dita e o tradicional Batuque da Rainha.

O ápice da manifestação cultural acontece no domingo (09/07), quando a rainha, o rei e sua comitiva se escondem na mata montados a cavalo, com auxílio dos mascarados chamados de “caretas”, e outros cavaleiros da comunidade e visitantes vão a sua procura. Neste mesmo tempo acontece o batuque da rainha onde as “batuqueiras” equilibram a garrafa com licor na cabeça e apresentam danças típicas acompanhadas de um canto característico com um instrumento chamado de “onça”.

Outra característica do festejo é a distribuição de alimentos, que é um costume herdado da Idade Média portuguesa e das tradições indígenas. A programação na cidade segue até o dia 10 de julho, com um leque de atrações gratuitas que incluem também show baile, arremate e pouso das folias, cortejo, missas, manifestações culturais, sorteios, além de comidas e bebidas típicas da região.

Patrimônio cultural

A Festa da Caçada da Rainha em Colinas do Sul recebeu o título de patrimônio cultural imaterial goiano por meio da Lei Nº 21.806, sancionada pelo governador Ronaldo Caiado em 7 de março de 2023. O prefeito de Colinas do Sul, Paulino Batista Vieira, enfatiza que a festa é o maior patrimônio cultural e religioso da cidade. “São 71 anos de amor e devoção! A festa é um sincretismo que abrange a junção da cultura e fé católica, mas no que se refere a fé de nossos devotos, já vimos muitos alcançarem milagres através da fé e devoção ao Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário. Somos um município pequeno, mas a nossa fé é grande e, é o que tem nos sustentado até os dias atuais.”

A realização do evento promove o desenvolvimento local e cultural, fomenta o setor econômico e amplia a geração de emprego e renda. Além do recurso enviado pelo Governo do Estado de Goiás, o município investiu mais de R$ 300 mil de recurso próprio no festejo em 2023.

Com uma localização geográfica privilegiada, situada na microrregião da Chapada dos Veadeiros, Colinas do Sul apresenta uma diversidade de atrativos de lazer ecológico, tais como rios, cachoeiras, grutas, sítios arqueológicos, trilhas, pesca e náutica. Assim, a festa atrai muitos turistas, que complementam seu tour ecológico assistindo e participando das manifestações de cultura tradicional com caráter religioso e popular. Outro fator importante é que o evento possibilita a consolidação da identidade cultural do município.

Herança

A Caçada da Rainha é uma tradição centenária, que traz vestígios do ciclo do ouro em suas danças e músicas, e apresenta algumas das demonstrações de valores, crenças, hábitos e aspirações religiosas da cultura popular do nordeste goiano. A origem da celebração resultou do medo que a Princesa Isabel teve do pai, Pedro II, ao saber que ela havia assinado a Lei Áurea, libertando os escravos. Daí, temendo a repreensão, assim que soube que o imperador estava vindo de Portugal para o Brasil, a princesa reuniu sua comitiva e, a cavalo, foi esconder-se na mata, até seu pai se acalmar. Assim que soube que a filha havia fugido, Pedro II preparou outra comitiva para procurar Isabel. A notícia correu a província e, ao saberem, os escravos resolveram preparar uma festa de agradecimento para recepcionar a princesa.”