SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Candidatos do CNU (Concurso Nacional Unificado) reclamam que os títulos apresentados não foram aceitos no resultado preliminar divulgado nesta segunda-feira (4). Nessa etapa, a banca organizadora avalia o histórico de faculdade e de pós-graduação, além de documentos que comprovem a experiência profissional dos inscritos.

O prazo para recorrer dessa análise preliminar dos títulos se encerra às 23h59 desta terça-feira (5). e o resultado final será divulgado no dia 19 de novembro.

Segundo Aline Menezes, professora do Gran Concursos, os recursos devem ser enviados por meio de uma argumentação escrita baseada na literatura específica da área, em legislações, normas e resoluções de conselhos profissionais. Nos casos em que alguma formação não foi aceita por diferença nas áreas de estudo, como mestrados, por exemplo, é provável que a banca não tenha compreendido a relação com a vaga disponível no serviço público. “Agora, o candidato precisa ter muito cuidado ao enviar os recursos. É necessário avaliar o que está sendo pontuado em relação aos resultados preliminares”, diz.

Formada em educação física, Andreza Noronha, candidata do bloco 5 (Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos) conseguiu atingir a nota de corte para o cargo de tecnologista em duas especialidades.

Ela diz que seu mestrado e doutorado em educação não foram reconhecidos. O edital do CNU define que, para as especialidades serem aceitas, os documentos devem ser do mesmo cargo/especialidade do concurso. Assim, a área de educação não contemplaria nenhuma das especialidades para a qual a candidata se inscreveu (gestão, monitoramento e avaliação de políticas em saúde e também de vigilância em saúde e ambiente).

“Nos concursos para universidades, eles deixam explícito as formações aceitas, ou minimamente colocam ser conforme Tabela Capes [Tabela de Áreas de Conhecimento/Avaliação]. Isso também deveria ter acontecido no CNU”, afirma a candidata.

Também há queixas quanto à análise de documentos relacionados à experiência profissional dos inscritos. Jessica Fernanda, candidata do cargo de especialista em indigenismo com foco em assistência social, diz que os sete anos de atuação como assistente social não foram aceitos porque não foram sido exercidos na área de indigenismo. Um dos documentos apresentados detalhava, porém, a atuação nessa área específica, mas também não foi reconhecido.

Segundo o edital, as atividades precisam ser relacionadas à proteção territorial, segurança alimentar, cidadania e preservação dos povos indígenas.

“Pelo que entendi, não adianta ter atuado como assistente social. É necessário ser um assistente social que prestou serviço para uma associação diretamente ligada aos povos indígenas, o que torna o envio dos títulos muito mais difícil”, relata a candidata.

Jessica também diz a banca não especifica quais são os erros dos documentos enviados, o que facilitaria a apresentação de recursos.

Procurado pela reportagem, o MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) não respondeu como funciona a análise de títulos até a publicação desta reportagem.

Veja o calendário do CNU:

Prazo para apresentar recursos quanto ao resultado preliminar da avaliação de títulos – Até as 23h59 de 5 de novembro

Divulgação dos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência – 13 de novembro

Prazo para apresentar recursos quanto aos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração de candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial de quem se declarar com deficiência – 13 e 14 de novembro

Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas dos títulos – 19 de novembro

Divulgação dos resultados finais – 21 de novembro