SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A votação das eleições presidenciais nos Estados Unidos é feita no papel. Em cada condado, dentro de cada estado, o eleitor preenche a cédula de uma maneira diferente. Não há um órgão regulador ou uma orientação definitiva para todas as unidades da Federação.

Em Miami, os eleitores têm acesso a uma cédula de 12 páginas. Todos os escritos estão em três idiomas: inglês, espanhol e crioulo haitiano. Além da escolha para presidente, a população ainda deve votar para cargos oficiais do condado, senadores estaduais, xerifes e juízes.

O documento deve ser preenchido manualmente e pode ser depositado antecipadamente em uma urna —ora em locais de votação, ora em urnas fixadas pelas ruas— ou enviado pelo correio. A população também tem a opção de votar somente no dia oficial das eleições, neste 5 de novembro, em local predefinido.

Todas essas informações constam na cédula. Há casos em que o papel a ser preenchido é mais sucinto, contendo apenas os cargos em disputa e seus respectivos candidatos. No geral, a disputa para Presidência é a primeira a aparecer em todos eles.

Os campos que serão preenchidos pelos eleitores variam em forma e tamanho. A maior questão, no entanto, está na ordem em que os candidatos são apresentados. Em alguns condados, os candidatos são apresentados por ordem alfabética do primeiro nome; em outros, a ordem é a partir do sobrenome. Há casos, no entanto, em que a ordem estabelecida não é clara.

O processo eleitoral nos EUA é descentralizado, ou seja, são os estados e condados que decidem quais serão as diretrizes logísticas e operacionais do pleito. Essa inconsistência nacional pode abrir margem para dúvidas. Em 2020, o candidato republicano, Donald Trump, questionou o resultado das eleições e solicitou recontagem de votos.

A apuração americana é, em alguns estados, feita manualmente —funcionários são contratados para contabilizar os votos. Também por isso, a depender do estado, as cédulas são recontadas imediatamente após o resultado, caso este seja muito acirrado.

Em outros estados, os votos obtidos pelas autoridades são contados automaticamente, por meio de máquinas que se assemelham às utilizadas no Brasil em correção de vestibulares e concursos.

A confusão com as cédulas já foi pauta em ciclos passados. A depender do estado e condado de residência, a população pode ser submetida a votações extensas. No condado de Snohomish, em Washington, os eleitores devem responder a 54 perguntas na mesma cédula de votação.

As diferenças consideráveis nos processos obrigam os condados a investir em um espaço de explicação. Os papéis têm instruções detalhadas de como o cidadão deve proceder para votar; no geral, o processo é parecido com o preenchimento de gabaritos dos vestibulares brasileiros.

Com a descentralização das decisões operacionais, os condados têm a liberdade de utilizar o processo eleitoral para colocar em votação questões particulares de suas regiões. Em comparação com o Brasil, a lógica é parecida com o sistema de plebiscito, onde a população é ouvida para a tomada de decisão acerca de algum debate público.

Por essas particularidades, é possível haver mais de um tipo de cédula dentro de um mesmo estado. Em Minnesota, pouco mais de 350 km separam os condados de Clay e Ramsey, que têm duas cédulas distintas. No primeiro, os eleitores respondem a 30 perguntas; no segundo, o povo vota em 26 questões.

Nesta reta final de campanha, os partidos buscam angariar eleitores nos sete estados-pêndulo. Por conta do sistema de Colégio Eleitoral, a eleição americana é decidida a partir dos resultados estaduais, que indicam os votos dos delegados e, consequentemente, o vencedor do pleito.