SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O músico, arranjador e produtor Quincy Jones, um dos principais nomes da música americana, morreu neste domingo (3) aos 91 anos. Ele foi reconhecido por trabalhos que vão de Count Basie a Frank Sinatra e pela reformulação da música pop ao colaborar com Michael Jackson.
Jones deixou sua marca em trabalhos que vão do jazz ao hip hop. Em seis décadas de carreira, foi trompetista, líder de banda, arranjador, compositor e produtor. Uma de suas produções mais celebradas é o disco “Thriller”, de Jackson, que entrou para a história como um dos mais vendidos de todos os tempos.
Um workaholic de estúdio e virtuoso em lidar com egos delicados, ele moldou gravações de grandes nomes do jazz como Miles Davis, produziu Sinatra e reuniu o conjunto de superestrelas que gravou o projeto beneficente “We Are the World”, de 1985, a música de maior sucesso na época.
Escreveu trilhas sonoras de filmes e co-produziu “A Cor Púrpura”, assim como o programa de televisão dos anos 1990 “Um Maluco no Pedaço”, que lançou a carreira de Will Smith.
O produtor recebeu 80 indicações ao Grammy e venceu 28 e foi o primeiro compositor negro a assumir um alto cargo em uma grande gravadora, a Mercury. Foi pioneiro também no cinema hollywoodiano. Além disso, recebeu títulos honorários de Harvard, da Berklee School of Music e de outras instituições.
O assessor de Jones, Arnold Robinson, informou que ele morreu em sua casa, na região de Bel Air, em Los Angeles, ao lado da família. A causa não foi informada.
“Esta noite, com corações cheios, mas partidos, devemos compartilhar a notícia do falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones”, disse a família em um comunicado. “E embora esta seja uma perda imensa para nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele.”
Nascido em Chicago, Jones trabalhou com Ray Charles na adolescência e, como músico, viajou com as big bands de Lionel Hampton e de Dizzy Gillespie.
O interesse pela música surgiu quando ele e alguns amigos de infância encontraram um piano após entrarem escondidos em um centro comunitário.
“A música era a única coisa que eu podia controlar”, escreveu em sua autobiografia. “Era o único mundo que me oferecia liberdade. Eu não precisava procurar por respostas. As respostas estavam ali, não mais longe do que o bocal do meu trompete e das minhas partituras rabiscadas a lápis. A música me tornava completo, forte, popular, autossuficiente e descolado.”
Consagrado, na vida adulta o seu círculo de amigos incluía algumas das figuras mais conhecidas do século 20. Ele jantou com Pablo Picasso, conheceu o Papa João Paulo 2º, ajudou Nelson Mandela a celebrar seu 90º aniversário e uma vez se refugiou na ilha de Marlon Brando no Pacífico Sul para se recuperar de um colapso.
Era fã da música brasileira e chegou a desfilar na Portela em 2006, no alto de um carro alegórico, em defesa do enredo “Brasil, marca a tua cara e mostra para o mundo”.
Na década de 1960, compôs “Soul Bossa Nova”, uma canção instrumental de jazz, após voltar de uma turnê no Brasil com Gillespie.
Em fevereiro de 2018, o artista pediu desculpas após entrevistas polêmicas em que acusou Michael Jackson de roubar canções e dizer que os Beatles eram os piores músicos do mundo.
Com Jackson, além de “Thriller”, em 1982, ele fez “Off the Wall” (1979) e “Bad” (1987).