RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O MME (Ministério de Minas e Energia) autorizou a Neoenergia a instalar uma usina solar no arquipélago de Fernando de Noronha, com o objetivo de reduzir a geração da térmica a óleo diesel que abastece os moradores atualmente.

A meta é reduzir em até 85% as emissões de gases do efeito estufa do arquipélago. O projeto reduz ainda gastos da CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), que divide entre todos os brasileiros o custo da energia em sistemas isolados do país.

Atualmente, há duas pequenas centrais solares na ilha, que respondem por cerca de 10% do consumo local. A nova usina, com capacidade de 22 MWp (megawatts-pico), tem investimento previsto em R$ 300 milhões. O projeto vai ainda combinar a geração solar com a instalação de baterias para o armazenamento de energia gerada durante o dia.

O empreendimento, porém, depende ainda de licença ambiental do governo de Pernambuco e de autorização do ICMBio, que administra o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.

“Fernando de Noronha será ainda mais verde e hoje estamos dando um passo importante para isso: impulsionando a transição energética nesse patrimônio ecológico natural do nosso país”, disse, em nota, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O fornecimento de eletricidade ao arquipélago, localizado a 545 quilômetros da costa pernambucana, é hoje feito por uma usina térmica com capacidade de 5 MW. Ela é abastecida com diesel que chega do continente geralmente por via marítima.

A usina permanecerá em operação, mas com capacidade reduzida e como seguro para longos períodos de chuvas ou pouca insolação.

A Neoenergia diz que o projeto inclui ainda campanhas de conscientização da população sobre o consumo eficiente de energia elétrica. A geração deve ser iniciada em 2027, segundo previsão da empresa.

“Este projeto representa um grande avanço para a Ilha e para o setor elétrico nacional, na medida em que viabiliza a produção de energia renovável num sistema isolado como o de Fernando de Noronha”, disse o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui.

Um projeto de eletrificação da frota local de veículos é alvo de polêmica na ilha. A proibição da entrada de carros a combustão já foi adiada duas vezes e agora está agendada para 2025, mas sob protestos dos moradores.

“A ideia é boa e urgente, mas falta infraestrutura. Muitas ruas aqui são de pedra, quando não de terra. A bateria não aguenta impactos”, afirmou à Folha em agosto Antonio Cordeiro Neto, dono de uma adega na ilha.

Noronha tem uma pegada de carbono alta devido aos milhares de voos e turistas o ano todo, mas o projeto de eletrificação da ilha esbarra na falta de estrutura para recarga, no alto custo de manutenção dos veículos elétricos e na dependência do biodiesel para carregar esses carros.