Especialistas Oferecem Dicas de Prevenção
Atraídos por ofertas tentadoras, muitos consumidores têm caído em golpes de passagens aéreas falsas. Imagine-se rolando o feed do Instagram e se deparando com uma promoção irresistível: “Apenas hoje, passagens para destinos turísticos a partir de R$ 100 ou R$ 200”. A propaganda é chamativa, com um slogan envolvente e imagens que remetem a uma companhia aérea conhecida. Um link destacado alerta: “Últimas horas!”
Ao clicar, você é direcionado a um site que parece legítimo, e acaba finalizando a compra rapidamente. Um bilhete ou voucher é emitido, idêntico a uma passagem verdadeira. No entanto, no momento do embarque, a dura realidade aparece: o site era falso, com um domínio levemente alterado. A transação, feita apenas via Pix, foi enviada para um CPF, e não há viagem, apenas o prejuízo.
Você não está sozinho nessa. Um levantamento do Senado Federal, divulgado em 1º de outubro, revelou que 24% dos brasileiros com mais de 16 anos foram vítimas de golpes digitais nos últimos 12 meses, totalizando mais de 40 milhões de pessoas afetadas por crimes cibernéticos.
Um dos golpes em alta é o das passagens falsas, parte de esquemas que utilizam links maliciosos para roubar dados e acessar contas. Neste caso, os golpistas induzem as vítimas a realizar transferências pequenas para contas de laranjas, muitas vezes sem perceber.
Essas fraudes estão se tornando mais frequentes e sofisticadas. Recentemente, em 29 de outubro, foi descoberta a falsa promoção “Madruga Latam”, que oferecia passagens a partir de R$ 122. A oferta, divulgada nas redes sociais, direcionava os consumidores a um site fraudulentamente criado.
Como se Proteger
O delegado Caio Menezes, do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes, da Delegacia Estadual de Investigações Criminais, alerta sobre como evitar esses golpes. “Muitas fraudes são promovidas em redes sociais, principalmente no Instagram. A principal dica é não comprar por links desconhecidos”, enfatiza.
O advogado especializado em Direito Aéreo, Guilherme Brito, recomenda usar sempre os aplicativos oficiais das companhias aéreas para evitar sites falsos. “Companhias como Gol, Azul e Latam têm aplicativos oficiais. Ao clicar em links não verificados, você corre o risco de ser direcionado a um site enganoso. Fique atento, pois endereços falsos geralmente têm erros sutis, como uma letra a mais.”
Outra sugestão do advogado é desconfiar de promoções que exigem pagamento apenas via Pix. “As companhias aéreas oferecem várias opções de pagamento. Se a única forma for Pix, desconfie. Sempre verifique se o destinatário da transação é um CNPJ e não um CPF, já que empresas legítimas usam CNPJ.”
Brito também destaca a importância de não fornecer informações pessoais em sites não confiáveis e de pesquisar preços antes de finalizar uma compra. “Se uma oferta parecer muito abaixo do normal, verifique em outros sites. É raro que passagens tenham preços tão baixos, mesmo em promoções.”
O que Fazer se Você For Vítima
Caso você perceba que caiu em um golpe, o primeiro passo é entrar em contato com sua instituição financeira para tentar bloquear ou reverter a transferência. “Mesmo no caso de Pix, há mecanismos para contestar transações em até 24 horas”, informa o delegado Caio. Após isso, registre a ocorrência na delegacia.
Muitas vítimas não denunciam por vergonha, principalmente se o prejuízo for pequeno. O delegado ressalta que a denúncia é crucial: “O volume de ocorrências e as informações fornecidas ajudam a polícia a desmantelar quadrilhas. Quanto mais dados tivermos, maior a chance de sucesso nas investigações.”
Guilherme Brito recomenda que, ao identificar o golpe, a vítima reúna toda a documentação, como recibos e capturas de tela do site fraudulento, e busque um advogado especializado para avaliar a possibilidade de reaver os valores judicialmente.
Esse tipo de golpe se enquadra no Artigo 171 do Código Penal, que prevê penas de 4 a 8 anos, podendo ser agravadas se houver associação criminosa ou se a vítima for idosa.