CALI, COLÔMBIA (FOLHAPRESS) – A ativista indígena Txai Suruí diz que foi impedida de realizar um protesto contra o marco temporal durante a conferência de biodiversidade COP16, da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em Cali, na Colômbia.

Txai estava na área de acesso controlado do evento, no final da tarde desta quarta-feira (20), quando começou uma manifestação com cartazes contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que institui o marco e que está em tramitação no Congresso.

Então a segurança da ONU a cercou. A ativista diz que teve suas credenciais arrancadas pelos funcionários e que foi lesionada no braço durante a abordagem.

“Eles não querem nos ouvir. Quando falamos, é isso que eles fazem”, gritou ela após ser cercada pelos seguranças.

Representantes da diplomacia brasileira e dos ministérios dos Povos Indígenas e do Meio Ambiente foram acionados, passaram a intermediar as conversas, e a equipe médica da COP16 foi acionada.

Procurada, a organização do evento não se manifestou até a publicação.

A ativista foi então levada para uma sala de atendimento médico e depois liberada, ao lado da ministra Marina Silva. Suas credenciais do evento foram devolvidas.

Sob reserva, pessoas de organizações do terceiro setor e do governo que acompanharam as conversas após o ocorrido dizem que a ONU alega ser necessária a autorização para realizar protestos durante os seus eventos e que as regras internas impedem que eles tenham como tema questões nacionais.

“Eles cercaram a gente com a segurança e continuaram apertando nosso braço, continuaram nos empurrando, e a gente não estava mais protestando. A Txai só pediu socorro porque estava sofrendo essa violência. Não era mais um protesto, já era um pedido de socorro pela violência”, afirmou Thiago Karai Djekupe, liderança guarani que acompanhava a manifestação.