A professora de geografia Roberta da Silva Batista, de 28 anos, foi demitida do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Santa Bárbara, em Padre Bernardo, apenas quatro dias após questionar a secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli, sobre a impossibilidade de professores levarem seus filhos ao médico sem ter a falta abonada.

Roberta, que estava exercendo suas funções normalmente, foi informada pela direção da escola que seu contrato havia sido rescindido por estar vencido. “Conheço outros contratados com contratos mais antigos que o meu e que continuam trabalhando”, estranhou.

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc-GO) negou qualquer forma de perseguição, afirmando que a demissão ocorreu porque o contrato da professora já havia expirado. A explicação foi dada em um comunicado oficial.

Durante uma live na última quinta-feira (24), onde a secretária falava sobre a reestruturação do plano de carreira dos professores, Roberta fez sua pergunta. A resposta de Gavioli foi considerada ríspida: “Se você é contratada e acha que tem que ter um emprego que permite ir ao médico, você precisa sair, porque a lei federal te proíbe”.

Após a polêmica, Gavioli admitiu que sua resposta não foi adequada, reconhecendo que todos podem ter momentos de descontrole.

Roberta explicou que seu questionamento surgiu porque precisou levar seu filho, de apenas 11 meses, ao médico em agosto e, apesar de apresentar um atestado, viu o dia descontado em seu contracheque. “Fiz a pergunta sem a intenção de provocar, e ela poderia ter explicado de forma mais tranquila”, lamentou.

Contratada em agosto de 2018, Roberta havia retornado ao trabalho após a licença-maternidade. A demissão a surpreendeu, especialmente após sua pergunta à secretária.

A Seduc-GO reforçou que a demissão de Roberta seguiu a Lei Estadual nº 20.918/2020, que estipula que contratos temporários não podem ultrapassar cinco anos. De acordo com a secretaria, os desligamentos estão sendo realizados para adequação às diretrizes do Ministério Público de Goiás, que solicitou a revisão dos contratos.

Além disso, a Seduc-GO informou que Roberta foi aprovada em concurso público para a Rede Estadual de Educação em 2022 e que a convocação dos aprovados está sendo feita conforme as regras do edital.

A nova política de Carreiras da Educação, aprovada recentemente, alterou a gratificação mensal dos professores e agora, se um professor contratado faltar mais de três dias em um mês, perderá esse bônus.

Em relação às críticas sobre a remuneração na educação, a secretária respondeu a um professor que questionou a situação: “Se você está passando fome, procure um trabalho que pague mais, porque na Educação você já sabia qual seria seu salário”.