FERNANDA PERRIN
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A vice-presidente e candidata do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, deu uma demonstração de força e reuniu 75 mil pessoas em um comício em Washington nesta terça-feira (29), segundo a campanha democrata, que projetava um público de 50 mil pessoas.
Kamala escolheu a Elipse, ao sul da Casa Branca, para fazer uma espécie de argumento final ao eleitor, a uma semana da eleição, marcada para a próxima terça-feira (5).
Longe de ser um estado-pêndulo, a capital americana é um bastião democrata. O local escolhido foi pelo simbolismo: há quase quatro anos, foi no mesmo local que Donald Trump incitou seus apoiadores a invadirem o Capitólio, após ter perdido a eleição para Joe Biden.
“Daqui uma semana, você fará uma decisão que impacta a sua vida, a da sua família e o futuro desse país que amamos”, disse Kamala à multidão de eleitores. “Vai ser o voto mais importante que você já fez. Essa eleição é mais que uma escolha entre dois partidos e candidatos. É uma escolha entre um país para todos e um comandado por divisão e caos.”
Kamala comparou Trump a um tirano mesquinho, semelhante aos monarcas britânicos que subjugavam os EUA quando o território era uma colônia da Inglaterra. “Eles [pais fundadores dos EUA] não sacrificaram suas vidas para nos ver ceder nossas liberdades, para nos submetermos ao capricho de um novo tirano mesquinho. Não somos um instrumento para pretensos ditadores”, afirmou.
Como os convidados que discursaram antes, ela repetiu o slogan de que é hora de “virar a página”.
Aproveitando a repercussão negativa do comício de Trump no último domingo, a vice-presidente disse que políticos usam a imigração para assustar eleitores. Kamala, que se moveu à direita em relação ao que já defendeu no passado, afirmou que seu plano é ter uma discussão séria sobre o tema, aprovando uma reforma no Congresso, removendo quem entrar no país ilegalmente e criando caminhos para a cidadania para os “trabalhadores árduos”.
A candidata repetiu também suas promessas para a economia, como crédito tributário para famílias com crianças pequenas e combate ao aumento abusivo de preços. Reiterou ainda a promessa de que facilitará o acesso à moradia e expandirá a cobertura de saúde.
Kamala voltou a acusar Trump de querer implementar uma proibição federal ao aborto –algo que ele nega– e de colocar os direitos reprodutivos de modo geral, incluindo o acesso a contraceptivos, em risco.
A democrata fez ainda um apelo a republicanos, pedindo que coloquem a Constituição acima do partido, hoje dominado por Trump. “Por muito tempo fomos consumidos por divisão, caos e desconfiança. E fica fácil esquecer que não precisa ser assim. Precisamos parar de apontar dedos e dar as mãos. Vamos virar a página no drama e no conflito, no medo e na divisão. É hora de uma nova geração de líderes nos EUA. Eu quero oferecer essa liderança como próxima presidente dos EUA”, disse.