GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – A eleição para prefeito de Goiânia (GO) ganhou nesta reta final novos ingredientes além da queda de braço entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e governador Ronaldo Caiado (União Brasil): a série de desgastes aos dois concorrentes em decorrência de suspeitas de ilegalidades que incluem falsificação de diploma, compra de votos por meio de cestas básicas e desvio de verbas de emendas parlamentares.

A notícia mais recente estourou na manhã desta sexta-feira (25) com a busca e apreensão pela Polícia Federal em endereços do deputado federal Gustavo (PL-GO), principal fiador em Goiás da candidatura de Fred Rodrigues (PL), o nome chancelado por Bolsonaro.

A busca, relativa à suspeita de desvio de verbas das emendas parlamentares, não tem aparente relação direta com a eleição, mas Gayer e seus adversários a relacionaram ao pleito desde o primeiro momento.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, foi o principal alvo de Gayer e dos bolsonaristas.

O parlamentar fez uma live dizendo que ser alvo de uma operação ordenada por Moraes significa um atestado de honestidade para ele e que a única vergonha que sente é em relação aos senadores que não promovem o impeachment do magistrado, hoje uma das principais bandeiras do bolsonarismo.

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL), também se manifestou, por meio de nota, dizendo que a operação da PF representa “mais uma ação nessa escalada autoritária e parcial de um ministro do STF contra um espectro político que representa grande parte da população brasileira”.

“Faltam menos de 48 horas para o início das eleições nos municípios que terão 2º turno. E nos parece que faltou razoabilidade, proporcionalidade e prudência na decisão que poderá contaminar o resultado eleitoral do próximo domingo”, diz Marinho, que assinou a nota como secretário-geral do PL, não como líder da oposição no Senado.

Na noite desta quinta-feira (24), Gayer participou de ato em prol de Fred que teve como principal estrela a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O ex-presidente tem sido figura assídua na campanha de Fred e confirmou que irá a Goiânia neste domingo (27) acompanhar o voto de seu candidato.

Fred se manifestou nesta sexta afirmando que uma operação da PF determinada por Moraes a dois dias da eleição “causa bastante estranheza”.

“Entendemos que ações deste tipo não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral, posto que atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões.”

Fred iniciou a recente temporada de desgaste dos dois concorrentes após a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás informar à Justiça que ele não era formado em direito, ao contrário do que ele disse oficialmente à Justiça Eleitoral.

Além da informação falsa, Fred foi antes da campanha diretor de promoção de mídias sociais da Assembleia Legislativa de Goiás, cargo que, pelas regras da Casa, só pode ser ocupado por pessoas com formação superior completa. A Assembleia disse ter aberto sindicância para apurar o caso.

Fred afirmou ter sido aprovado em todas as disciplinas obrigatórias na PUC e que apenas não concluiu os procedimentos para colação de grau porque desistiu de seguir a carreira no direito.

Nesta semana, a onda de más notícias atingiu também a candidatura de Mabel, que tem em Caiado seu principal padrinho político.

Atendendo a pedidos da campanha de Fred, a juíza Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, concedeu duas liminares em que indica ver uso da máquina do estado pelo governador em prol de seu candidato.

Na primeira, proibiu Caiado e Mabel de usarem o Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual e residência oficial do governador, para eventos eleitorais. Caiado e Mabel haviam sido anfitriões no palácio de jantares em que se buscou angariar apoio ao candidato do União Brasil.

Na segunda, expedida na noite desta quinta-feira, a juíza afirma que o governador e Mabel usaram a máquina pública para comprar votos por meio de cestas básicas.

“Verifica-se que as condutas praticadas pelo Governador Ronaldo Caiado, em conjunto com o candidato Sandro Mabel, estão fazendo uso da máquina pública para angariar apoio político por meio do oferecimento de cestas básicas em troca de voto, configurando à prática de conduta vedada e abuso de poder político, haja vista que o governador faz uso de seu cargo e da sua autoridade para interferir no resultado das eleições”, escreveu a juíza.

A defesa do governador disse ter recebido as decisões com estranheza e afirmado que Caiado já havia decidido suspender temporariamente durante a campanha o programa Goiás Social, alvo das suspeitas.

A disputa entre Mabel e Fred tem como pano de fundo o embate na direita entre Caiado e Bolsonaro. O governador almeja ser o nome do campo conservador na disputa à Presidência da República em 2026, diante da inelegibilidade de Bolsonaro.

Além de outros concorrentes, Caiado enfrenta também como obstáculo o movimento de Bolsonaro e dos bolsonaristas para tentar reverter a sua inelegibilidade.