SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Trump pressiona dólar, JBS mira negócio de salsichas e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (25).

**O QUE ESPERAR DO DÓLAR**

Uma vitória do republicano Donald Trump na eleição dos Estados Unidos tende a elevar o dólar no Brasil.

Essa é a visão de analistas ouvidos pela agência Reuters, em reportagem publicada na Folha.

O aumento recente nas chances de o ex-presidente vencer é inclusive um dos fatores que fizeram o dólar ultrapassar os R$5,70 nos últimos dias.

ENTENDA

As propostas econômicas de Trump, como aumento de tarifas sobre produtos importados e corte de impostos são vistos como fatores de inflação e de pressão sobre a dívida pública dos Estados Unidos.

A dívida americana está ao redor de 120% do PIB (Produto Interno Bruto) e segue crescendo. Veja por que isso representa um risco.

Assim, o banco central americano tende a evitar cortes maiores nos juros, mantendo o dólar valorizado.

MAIS MOTIVOS

Outra pressão sobre o real é a própria taxa contra importados, caso produtos do Brasil sejam atingidos.

Os Estados Unidos são um dos nossos maiores clientes, importando 10,9% do que vendemos.

Em 2023, os americanos enviaram US$ 36,9 bilhões (R$ 209,06 bilhões) para cá ao comprar produtos como petróleo, ferro e café.

TENSÕES

O dólar ainda pode subir caso as tensões no cenário geopolítico aumentem pós vitória de Trump, já que a moeda é uma espécie de porto-seguro e se valoriza nas incertezas.

MOTIVOS INTERNOS

Esse cenário internacional levou a moeda americana a iniciar as negociações de ontem em alta, batendo R$ 5,72, mas falas do ministro Fernando Haddad contribuíram para um queda logo depois.

No preço, estavam também incertezas sobre as contas públicas brasileiras.

A moeda fechou o dia a R$ 5,66.

O QUE ELE DISSE

Haddad reforçou o compromisso do governo com as regras fiscais, que vem sendo colocadas em xeque devido ao crescimento dos gastos.

Essa desconfiança faz o dólar operar acima de R$ 5,40 desde junho.

E O QUE ESPERAR?

Apesar de bater os R$ 5,70, a expectativa mais recente do mercado financeiro aponta que a moeda encerra este ano em R$ 5,42.

Para a moeda baixar mais, economistas apontam que o cenário precisaria de:

– Reformas nos gastos do governo, como prometido para depois do segundo turno;

– Se os juros nos Estados Unidos continuarem a cair;

– Se Kamala Harris for vitoriosa, pelo menos em tese. Na edição de ontem, falei sobre a agenda da candidata.

**JBS MIRA NEGÓCIO BILIONÁRIO DE SALSICHAS**

A JBS e a mexicana Sigma Alimentos estão entre as empresas que competem para adquirir a Oscar Mayer, fabricante de salsichas, frios e embutidos da Kraft Heinz nos Estados Unidos.

A compra da marca, popular no país, pode custar quase US$ 3 bilhões (R$ 16,9 bi).

MUDANÇAS

A Kraft Heinz está tentando reorganizar seu portfólio em direção a produtos alimentícios mais saudáveis.

A Oscar Mayer e outras marcas vistas como não essenciais foram agrupadas numa divisão própria.

O INTERESSE DA JBS

Maior frigorífico do mundo, é controlada pela J&F, holding de propriedade dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A operação nos Estados Unidos é uma das mais relevantes, fruto de diversas aquisições nos últimos anos.

A empresa tem sido questionada, inclusive, por supostos aumentos abusivos de preço no setor, sendo processada recentemente pelo McDonald’s, um dos seus clientes.

É dona da empresa avícola Pilgrim’s Pride e distribui várias outras marcas de carne bovina por lá, incluindo Swift, Certified Angus Beef, Blue Ribbon Beef e Cedar River Farms.

RELEMBRE A FUSÃO

Kraft e Heinz fundiram as operações em 2015, numa operação apoiada apoiada pelos investidores da 3G Capital e Berkshire Hathaway, que investiram US$ 10 bilhões (R$ 56,6 bilhões) no novo negócio e se tornaram controladores da companhia.

Além da Oscar Mayer, a companhia é dona de marcas como Kraft, Heinz, Philadelphia.

No Brasil, tem também as marcas Hemmer e Quero, sendo líder nos segmentos de ketchup, molhos e conservas.

**NOVIDADES NO TESOURO DIRETO**

Investir em títulos do governo brasileiro vai ficar mais fácil a partir de 17 novembro. A plataforma Tesouro Direto deixará de exigir o valor mínimo de R$ 30 para as transações.

Se a fração de um título custar R$ 1, por exemplo, e o investidor quiser apenas ela, poderá fazer a compra.

POR QUE IMPORTA

O programa existe desde 2002 e permite que investidores de qualquer tamanho “emprestem” para o governo por conta própria, sem intermediação.

Os títulos públicos são considerados os investimentos mais seguros dentro de qualquer país, já que o risco de calote é menor. Ao mesmo tempo, os juros pagos como remuneração também são mais baixos.

NOVO LIMITE

Em parceria com o Tesouro, a B3, que administra não só a Bolsa de Valores do Brasil, mas também o mercado de renda fixa, anunciou que vai dobrar o limite máximo de investimento por pessoa.

Ele saltará de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões ao mês.

GIFT-CARD

Outra novidade prevista para o fim do ano, mas ainda sem data, é o lançamento de um cartão-presente pré-pago, que permitirá ao presenteado investir nos títulos.

O objetivo é usar o apelo dos presentes para ampliar a base de investidores.

POP

Em agosto, o Tesouro Direto bateu recordes de aplicações, que somaram pouco mais de R$ 8 bilhões, e de resgates, que chegaram a R$ 12,9 bilhões.

Os títulos mais demandados foram os indexados à inflação (50,6%), seguidos pelos indexados à Selic (41,7%) e os prefixados (7,8%).

Juros, juros e mais juros. Uma das explicações é o novo ciclo de alta da Selic no Brasil, e expectativas de que ela suba mais no futuro. Isso eleva a rentabilidade da renda fixa. Veja mais.

Além da própria Selic, a remuneração paga pelo governo nos títulos do governo subiu como um reflexo da desconfiança de investidores sobre o futuro das contas do governo Lula e para a inflação. Para compensar o risco, o rendimento exigido do governo sobe.

O Prefixado com validade em 2031, por exemplo, fechou o dia de ontem rendendo 12,90% ao ano.

SIM, MAS…

Ao mesmo tempo em que a remuneração mais alta é boa para investidores da renda fixa, ela também esfria a economia e tende a levar a Bolsa a cair.

PARA LER:

– “Calma sob pressão”, Henrique Meirelles, 192 páginas, editora Planeta.

O presidente Lula conviveu com o economista Henrique Meirelles no comando do Banco Central por oito anos, durante seus primeiros mandatos. Ele mesmo indicou o economista em 2003.

Ao longo de 2024, Lula fez críticas à independência da instituição, obtida no governo Bolsonaro (PL).

O petista destacou mais de uma vez que Meirelles sempre teve autonomia, mesmo sem garantia em lei.

Mas qual é a visão do ex-presidente do BC sobre isso?

No livro “Calma sob pressão: o que aprendi comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda”, lançado em setembro, ,Meirelles revela que Lula pediu que ele baixasse os juros apenas uma vez, em 2008, e que recebeu um “não” como resposta.

O patamar atual da taxa Selic é um dos alvos políticos preferidos do presidente da República.

Outros relatos mostram os bastidores da criação do teto de gastos e da reforma trabalhista no governo Temer, quando Meirelles voltou a Brasília, desta vez no Ministério da Fazenda.

**O QUE MAIS VOCÊ PRCISA SABER**

VALE

Lucro da Vale cai 3,4% no terceiro trimestre, para R$ 13,4 bilhões. Empresa assina nesta sexta-feira (25) acordo final para reparação de tragédia de Mariana (MG).

MERCADO

Hypera nega oferta de fusão da EMS por ‘subestimar’ valor da empresa. Conselho de administração recusa proposta por unanimidade.

TECNOLOGIA

LinkedIn é multado em R$ 1,91 bilhão pela Irlanda por violar proteção de dados. Comissão diz que consentimento não foi informado corretamente ao usuário; rede social contesta decisão.