SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em 2023, pela primeira vez em sete anos, o faturamento do comércio eletrônico no estado de São Paulo caiu: houve um recuo de 1,6% no ano em comparação a 2022, para R$ 67 bilhões, segundo estudo da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

Ao mesmo tempo, a participação do comércio eletrônico caiu em relação ao varejo físico no estado: de 6,2% em 2022, a venda on-line representou o equivalente a 5,9% da venda nas lojas físicas em 2023.

O estudo foi produzido com base em relatórios de transações de notas fiscais do Observatório do Comércio Eletrônico Nacional, ligado ao MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Serviços e Comércio), que acompanha uma série histórica iniciada em 2016, além de informações do IBGE e em dados coletados pela própria FecomercioSP.

Os dados chamam a atenção porque o estado de São Paulo é o maior mercado consumidor do varejo on-line, responsável por cerca de um terço (32,7%) de todas as vendas em nível nacional, seguido por Minas Gerais (11,3%) e Rio de Janeiro (9,7%).

Entre as razões para o recuo, estão a conjuntura econômica de 2023, marcada pela inadimplência e pelos juros altos, até a desconfiança que o e-commerce passou a viver em meio à crise da Americanas, até então um dos maiores marketplaces do país.

“Muitos consumidores, percebendo o risco vivido por diversas varejistas no ano passado, especialmente pela Americanas, resolveram voltar às compras no varejo físico”, diz o assessor econômico da FercomercioSP, Guilherme Dietze.

De acordo com o especialista, o atual nível de 5,9% das vendas do varejo físico tende a crescer este ano, uma vez que mais investimentos em centros de distribuição estão sendo realizados por grandes competidores, como Mercado Livre e Amazon.

“O aumento da representatividade do comércio eletrônico no varejo está diretamente relacionado à expansão da capacidade de armazenamento e logística das empresas”, afirma Dietze, destacando que os 5,9% representam as vendas paulistas de empresas sediadas no Brasil -não incluem itens comprados por brasileiros em sites estrangeiros.

O estudo da FecomercioSP aponta que, dos R$ 67 bilhões das compras on-line realizadas por paulistas em 2023, cerca de dois terços das operações ocorreram no próprio estado. Ou seja: foram R$ 44,1 bilhões em vendas feitas por empresas paulistas para consumidores também paulistas.

No ano passado, o smartphone foi o produto campeão de vendas, segundo o levantamento: R$ 3,2 bilhões em vendas só desse tipo de item, seguido por livros e impressos (R$ 1,7 bilhão), geladeiras (R$ 1,6 bilhão) e computadores (R$ 1,3 bilhão).

A divulgação do estudo da FecomercioSP ocorre às vésperas da Black Friday, em 29 de novembro, uma das datas mais importantes do setor. Para este ano, Dietze acredita que está havendo uma retomada do consumo on-line, com o aumento dos níveis de emprego formal e renda, assim como foi observada uma redução nas taxas de juros e maior acesso a crédito.

“O comércio eletrônico deve voltar a crescer este ano, assim como as vendas da Black Friday, que coincidem com o pagamento da primeira parcela do 13º salário”, afirma.