SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Reforma dos gastos à vista, Huawei quer bater iOS e Android e outros destaques do mercado nesta terça-feira (15).

**REFORMAS À VISTA**

Passado o segundo turno das eleições municipais, o governo federal apresentará propostas para conter os gastos obrigatórios.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conversou com a colunista Mônica Bergamo e afirmou que defende alguma trava para o crescimento dessas despesas.

Ele defendeu que as medidas já tomadas pelo governo, como de alta da arrecadação, mas disse que o arcabouço fiscal não funcionará se a despesa não estiver limitada.

Nas palavras de Haddad, “Não tem para quem dar a batata quente. Então temos que resolver”.

ENTENDA

O ritmo de crescimento dos chamados gastos obrigatórios é uma das preocupações de economistas que analisam o Orçamento.

Em 2024, eles devem representar 91% das despesas totais.

Eles aumentam a um ritmo superior ao percentual permitido para o conjunto total de gastos e, por isso, têm “espremido” as despesas livres, como investimentos em infraestrutura.

O crescimento das despesas obrigatórias foi um dos responsáveis pelo congelamento das livres recentemente, que alcançou R$ 15 bilhões.

HADDAD & TEBET

O ministro da Fazenda e a ministra do Planejamento têm defendido a contenção das despesas obrigatórias há meses.

Em junho, as pastas apresentaram ao presidente Lula as opções disponíveis. Entre as medidas, estão o endurecimento do pagamento do BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos de baixa renda e pessoas com deficiência.

Outras medidas em discussão são:

– Mudança na regra que ajusta o crescimento das despesas com saúde e educação;

– Correção de benefícios previdenciários apenas pela inflação, sem ganho real.

Cálculos divulgados pela Folha de S.Paulo indicam que a mudança na regra de saúde e educação liberaria R$ 131 bilhões para outros gastos de custeio e investimentos até 2033.

SIM, MAS…

O presidente Lula e a ala política têm mostrado resistência às reformas.

CONVERSAS

À Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, Haddad disse é preciso enfrentar a questão. Assim, as pessoas enxergariam que “as somas das partes vai caber no todo”.

O ministro disse que discute com assunto com o presidente Lula, que dará o aval final para quais reformas seguir.

A AGENDA

Para equilibrar as contas este ano e no próximo, o ministro focou em projetos de aumento da arrecadação.

No lado das despesas, apenas medidas de combate a fraudes foram anunciadas.

Memes nas redes sociais chegaram a apelidá-lo de “Taxadd” nos últimos meses.

E O IR?

O controle de gastos é tratado como uma prioridade na pasta, mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000.

O presidente Lula havia reiterado essa promessa de campanha na última sexta-feira (11), mas o ministro Fernando Haddad colocou em dúvida o envio este ano da proposta nesta segunda-feira (14).

Para financiar a isenção, a ideia é fortalecer a cobrança de impostos sobre quem tem renda superior a R$ 1 milhão.

**CONCORRENTE À ALTURA DE APPLE E GOOGLE?**

A chinesa Huawei quer concorrer com a Apple e o Google no mercado de sistemas operacionais para celulares. Nas próximas semanas, ela lançará o HarmonyOS Next, junto com o smartphone Mate 70.

Diferentemente da versão anterior, o sistema não se baseia mais na estrutura do Android.

O correspondente Nelson de Sá conta aqui como estão as expectativas na China.

EXPERIÊNCIA DE “SUPER APP”

O HarmonyOS Next foi construído do zero e teve sua experiência descrita em uma feira de tecnologia, em setembro, por um diretor da Huawei.

Ele afirmou que o sistema lembra aplicativos nos quais os chineses fazem de tudo, como o WeChat e o Alipay.

CONCORRÊNCIA DIFÍCIL

O segmento de sistemas operacionais móveis é dominado basicamente pela Apple e pelo Google, segundo dados da Global Stats.

O Android possui 70% do mercado global, enquanto o iOS domina 30%.

No Brasil, a participação do Android chega a 82%, enquanto o iOS possui 18%.

Ainda não está claro se o sistema será exclusivo dos celulares da Huawei, como faz a Apple, ou se a estratégia será concorrer com o Android em celulares de outras fabricantes.

Caso seja restrito à Huawei, o sistema tende a impactar poucas pessoas.

A empresa está fora do Top 5 mundial de marcas de celulares.

– A Apple encerrou 2023 com 29% do mercado, a Samsung com 24%, a Xiaomi com 13%, a Oppo com 5,6%, a Vivo com 5,3%.

– A Huawei tem apenas 3,5%, mas fez lançamentos de peso.

A Apple encerrou 2023 com 29% do mercado, a Samsung com 24%, a Xiaomi com 13%, a Oppo com 5,6%, a Vivo com 5,3%.

A Huawei tem apenas 3,5%, mas fez lançamentos de peso.

Um analista de tecnologia ouvido pela Folha ressalta que o HarmonyOS Next não deve enfrentar problemas na China. No exterior, porém, há desafios que passam pelo convencimento aos desenvolvedores de apps.

O histórico de sucesso de TikTok, AliExpress, DiDi (no Brasil, 99), Temu e Shein oferece alguma esperança.

**EÓLICAS NO PREJUÍZO**

As maiores empresas de energia eólica com operação no Nordeste estão com um prejuízo que soma R$ 1,4 bilhão na geração deste ano.

O resultado negativo levou ao congelamento de planos bilionários em investimentos.

ENTENDA

Há vários motivos para as finanças no vermelho, a maioria deles relacionados a limitações do sistema de distribuição brasileiro.

Na prática, as empresas geradoras estão vendendo menos energia do que poderiam.

Elas responsabilizam principalmente as restrições impostas à transferência de energia a outras regiões pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

Pelas regras do setor, cada gerador tem contratos para entregar um determinado volume de energia, mas ele pode ser cortado por determinação do ONS.

As justificativas neste ano seriam a segurança das redes e limitações dos equipamentos.

RECLAMAÇÕES

A Folha de S.Paulo teve acesso ao conteúdo de uma reunião entre executivos e representantes da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

As empresas alegam que a situação é insustentável e poderia levar a atrasos financeiros em toda a cadeia.

O total da energia eólica e solar represada neste ano no Nordeste já equivale a três meses de geração plena de Itaipu, a maior usina do Brasil, segundo os empresários.

Os prejuízos. Há 18 anos no Brasil, a Voltalia afirma que cerca de 80% de sua potência total de 1.500 megawatts (MW) chegou a ser cortada.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente ressaltou que há os investimentos da Voltalia somam R$5 bilhões, mas que não mais outros empreendimentos na fila.

A CPFL relatou pelo menos R$ 200 milhões em prejuízos neste ano, enquanto a EDP relatou R$ 3 milhões por semana. Engie e SPIC também fizeram queixas.

CONTRADIÇÕES

A Associação Brasileira de Energia Eólica critica o represamento de energia no Nordeste enquanto as regiões Sul e Sudeste precisam usar usinas térmicas movidas a combustível fóssil.

Elas foram ligadas para compensar o baixo volume de água nas hidrelétricas, devido à seca recorde.

OUTROS MOTIVOS

Reportagem publicada pela Folha meses atrás já indicava a crise no setor, mas o motivo apontado era principalmente o excesso de energia no Brasil causado pela instalação desenfreada de painéis solares.

Demissões em massa ocorrem desde o ano passado no setor eólico. Em abril, a fabricante de pás Aeris Energy demitiu mais de 1.500 funcionários por falta de encomendas.

Diferentemente dos painéis solares, a maioria importados, 80% das turbinas são fabricadas aqui.

**O QUES MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

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