BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O debate promovido nesta segunda-feira (14) pela rede Band Minas, que previa a participação do deputado estadual Bruno Engler (PL) e do prefeito Fuad Noman (PSD), se tornou em uma entrevista de 45 minutos com o nome do PL devido à ausência do candidato do PSD.

Fuad justificou sua ausência pela falta de agenda por ser, ao mesmo tempo, prefeito e candidato à prefeitura. Belo Horizonte foi a única capital do país em que não houve debate no segundo turno, de acordo com a Band.

Engler disse que o rival faltou ao debate por não conseguir “justificar o injustificável”.

“Ele diz na TV que tem tolerância zero com empresas de ônibus, mas é financiado pelos empresários do setor. Não consegue explicar por que estamos no quinto secretário de educação em dois anos enquanto nosso Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] despenca”, afirmou.

Disse também: “Um prefeito que não tem coragem de me enfrentar no debate vai ter coragem de enfrentar o sistema? Nunca, porque ele é a representação do sistema.”

O deputado do PL, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também comentou sobre sua proposta de aplicar o modelo de escola cívico-militar na cidade. Ele falou que a ideia é partir de um projeto-piloto em uma unidade e depois expandi-lo para outras escolas.

“Não é uma pauta ideológica, é uma pauta que funciona. Escolas que aderiram tiveram uma melhora nos índices educacionais”, afirmou.

Durante a campanha do primeiro turno e agora no segundo turno, Engler tem sido alvo dos rivais por afirmar que não tomou a vacina contra a Covid-19 e por ter feito campanha a favor do uso da cloroquina, medicamento que nunca teve comprovação científica no enfrentamento da doença.

Questionado sobre os dois assuntos nesta segunda, o candidato do PL disse que incentivaria as campanhas de imunização, principalmente em escolas, e evitou falar sobre a cloroquina.

Ele também citou o ex-presidente Bolsonaro em dois momentos, ao elogiar a equipe ministerial que seu apoiador montou quando estava no governo e ao comentar sobre a compra de imunizantes durante a pandemia.

“Assim que as vacinas foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ele comprou. Não é a postura do atual presidente [Lula], que enrola para comprar a vacina da dengue”, disse Engler.

A ausência de Fuad em debates não é inédita nesta campanha. No primeiro turno, ele foi em 3 dos 7 promovidos -um deles foi o da Band, que abriu a série de encontros, em agosto.

No início do segundo turno, a campanha de Fuad procurou a de Engler e as organizadoras dos debates para propor um pool entre os veículos de comunicação e reduzir o número de encontros para dois. A proposta foi rechaçada pelas emissoras e pelo entorno de Engler.

Em nota, a assessoria do candidato afirmou na semana passada que a sugestão da campanha de Fuad seria uma estratégia para “blindar o atual prefeito”.

“Consideramos importante que, além das discussões das ideias e propostas para a capital, as condições físicas e intelectuais dos candidatos não sejam encobertas neste momento decisivo para os eleitores de BH. Recentemente, vimos um candidato à Presidência dos Estados Unidos desistir do pleito porque sua verdadeira condição ficou comprovada em um debate”, disse a nota.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, Fuad apareceu com 48% das intenções de voto, ante 41% do adversário.