SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O apagão enfrentado por parte da população de São Paulo desde a ultima sexta-feira (11) dominou a propaganda eleitoral na TV tanto de Ricardo Nunes (MDB) quanto de Guilherme Boulos (PSOL), na noite desta segunda-feira (14).

No programa que foi ao ar, a campanha do atual prefeito de São Paulo citou a força da tempestade, enquanto a do deputado psolista exibiu trechos de reportagens que mostraram bairros da cidade sem luz.

Nunes disse que instituiu “uma central de crise” e está “na rua, acompanhando, falando, correndo, lutando”. O prefeito tenta se blindar das críticas sofridas desde o temporal de sexta-feira. Opositores questionam, por exemplo, os investimentos da prefeitura em prevenção e a resposta ao desastre.

“Sabe o que é triste? Com tanta luta, com tanto sofrimento do nosso povo, a gente vê, infelizmente, um candidato lacrar na internet. Querer usar a dor do povo para ficar fazendo videozinho. Eu aqui trabalhando, com a minha equipe. Na rua.”

Nunes disse que sua gestão entrou com ação judicial contra a Enel e acionou o Tribunal de Contas da União para que eles fiscalizem o contrato.

“Queria deixar aqui o meu repúdio a este tipo de comportamento. Essa falta de sensibilidade de querer usar uma questão de sofrimento das pessoas, que estão sofrendo pela falta de energia, por uma questão eleitoral. Mas também deixar aqui o meu repúdio a Enel, que não tem respeito pela nossa cidade.”

Já na propaganda de Boulos, a campanha do psolista lembrou que esta não é a primeira vez que a capital paulista fica sem luz sob a gestão de Nunes. Também mostrou cenas de quedas de árvores pela cidade, várias delas em cima de fiações elétricas.

“O mais impressionante é que São Paulo teve mais casas sem luz do que a Flórida, lá nos Estados Unidos, onde teve furacão na semana passada. Tudo isso que você viu poderia ter sido evitado. Famílias que estão até agora sem luz, poderiam não estar. Isso não foi obra do acaso, foi do descaso.”

O psolista fez promessas de campanha sobre melhorar o serviço de poda da vegetação. Umas das possíveis causas de problemas no abastecimento de energia nos bairros é a queda de árvores sobre a fiação.

No terceiro dia de apagão na região metropolitana de São Paulo, 338 mil imóveis continuavam sem luz na noite desta segunda-feira (14), segundo o último balanço divulgado pela Enel pouco depois das 20h30. Pela manhã, eram 537 mil unidades.

De acordo com a empresa, o serviço foi normalizado para pouco mais de 1,7 milhão de clientes e as equipes em campo receberam reforços do Rio de Janeiro e do Ceará.

Em março deste ano, a prefeitura paulista pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que desse andamento ao processo de caducidade de concessão da Enel, para a contratação de outra empresa.

Apesar de o processo de caducidade ser aberto pela agência de fiscalização, a Aneel pode, apenas, recomendar o fim antecipado do contrato. Cabe ao poder concedente, ou seja, ao Ministério de Minas e Energia, a decisão de encerrar a concessão.