RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Petrobras e a Vale negociam uma parceria para descarbonização das operações, informou nesta segunda-feira (14) a presidente da estatal, Magda Chambriard. A ideia é fornecer combustíveis menos poluentes para a mineradora.

Magda disse ainda que a Petrobras tem a ambição de antecipar para perto de 2035 a meta de zerar suas emissões líquidas de carbono. O resultado desse esforço, porém, é questionado por ambientalistas, já que as maiores emissões do setor de petróleo são registradas no consumo de combustíveis.

A presidente da Petrobras evitou dar maiores detalhes sobre a negociação com a Vale, mas disse que a estatal pode ajudar a parceira a descarbonizar suas atividades com o uso de diesel renovável ou combustível de navegação com biodiesel.

“É um esforço das duas maiores empresas do Brasil em prol da descarbonização”, afirmou Magda, em café da manhã com jornalistas na sede da empresa, no Rio de Janeiro.

A Vale vem buscando alternativas para reduzir o consumo de combustíveis fósseis pelos caminhões de operam em suas minas de minério de ferro e pelos trens que escoam sua produção até portos exportadores.

Entre as alternativas, estão ampliar o uso de biocombustíveis e até a tecnologia da amônia verde, ainda em desenvolvimento. Em 2023 a Vale assinou um acordo com a Wabtec para fornecimento de três locomotivas elétricas e o início de estudos para o desenvolvimento de motor a amônia.

Em julho, assinou um acordo com a Komatsu que visa desenvolver e testar, em parceria com a Cummins, nos próximos dois anos, caminhões fora de estrada movidos a uma mistura de etanol e diesel.

Magda disse que o combustível de navegação com 24% de biodiesel, já usado pela Petrobras, pode também ser uma alternativa para o transporte marítimo de minério de ferro. Os detalhes do acordo, porém, serão divulgados em breve.

A descarbonização das operações é uma aposta do setor de petróleo para tentar minimizar pressões pela redução gradativa da produção de combustíveis fósseis. É parte importante do plano de transição energética da Petrobras, com orçamento de US$ 3,9 bilhões até 2028.

“A gente acha que o net zero da Petrobras vai acontecer muito antes de 2050”, afirmou Magda na entrevista desta segunda, afirmando que não seria impossível atingir a meta em 2035. “Não é uma promessa, é só uma vontade muito grande de fazer.”

Os investimentos em energias renováveis, porém, estão em suspenso aguardando melhores preços da eletricidade no mercado, afirmou o diretor de Transição energética e Sustentabilidade da companhia, Maurício Tolmasquim.

Segundo ele, a estatal já identificou parceiros e projetos de interesse, mas o excedente de oferta de energia no país inviabiliza o investimento nesse momento. O executivo, porém, diz que os preços estão reagindo e podem voltar a ficar atrativos em breve.