RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O PCS Lab Saleme , laboratório que está sob investigação por emitir laudos com falsos negativos para HIV no Rio de Janeiro, operava com redução do controle de qualidade para obter lucro, disse André Neves, diretor geral do departamento de Polícia Especializada do Rio, nesta segunda-feira (14).

“Houve uma quebra do controle de qualidade para a maximização de lucro, deixando de lado os reagentes que precisam ser analisados sistematicamente”, afirmou em entrevista coletiva a jornalistas.

Segundo o delegado, houve uma determinação para que a análise dos reagentes, que deveria ser diária, passasse a ser semanal. “Assim, diminuíram o controle e assumiram, com essa lacuna, a chance de ter uma falha”, acrescentou.

Uma operação da Polícia Civil do Rio que tem o objetivo de identificar os responsáveis pela emissão dos laudos errados cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão na cidade no Rio e em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Foram presos o médico ginecologista Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, e o responsável técnico pelos laudos, Ivanildo Fernandes dos Santos. Gabriele Pereira, advogada de Ivanilson, assim como Afonso Destri, defensor de Walter Vieira, afirmaram que só irão se posicionar após terem conhecimento do inquérito.

O técnico de laboratório Cleber de Oliveira Santos e a técnica em patologia clínica Jacqueline Iris Bacellar de Assis estão foragidos. O advogado de Jacqueline, José Félix, no entanto, afirmou que ela irá se entregar.

O laboratório é um dos alvos das investigações por emitir laudos com falsos negativos para HIV, o que resultou na contaminação de seis pacientes transplantados no estado. A polícia suspeita que o grupo tenha falsificado laudos em outros casos.

Jacqueline afirmou à Folha que começou a trabalhar no local como supervisora administrativa em outubro de 2023, não assinava testes e, de acordo com as informações divulgadas, seu nome estaria sendo usado como “laranja”.

O laboratório PCS Lab Saleme afirmou, também em nota no domingo (13), que os resultados preliminares de uma investigação interna indicam que um erro humano levou à infecção com o vírus HIV de seis pessoas que receberam transplantes de órgãos no Rio de Janeiro.

Nesta segunda (14), a Secretaria de Saúde do Estado do Rio confirmou que um dos pacientes transplantados morreu poucos dias após a cirurgia, mas não há comprovação de que a morte tenha qualquer relação com a contaminação por HIV. O quadro de saúde do paciente era delicado.

“Os resultados preliminares da sindicância interna apontam indícios de erro humano na transcrição dos resultados de dois testes de HIV, o que resultou na infecção de seis pessoas. A empresa, embora ainda não tenha sido notificada formalmente sobre o andamento das investigações –nem na esfera criminal, nem na administrativa– está à disposição das autoridades”, declarou.