SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -Adeus a Washington Olivetto, Azul e Gol retomam ‘namoro’ e o que importa no mercado nesta segunda-feira (14).

**ADEUS AO ÍCONE WASHINGTON OLIVETTO**

Adeus ao ícone Washington Olivetto

Washington Olivetto, um dos grandes nomes do mercado de mídia, faleceu neste domingo. O publicitário tinha 73 anos e estava internado há cinco meses no Rio de Janeiro.

Ele foi um dos responsáveis por elevar a propaganda brasileira ao status de orgulho nacional, ao lado do futebol, da música e das novelas.

↳ Campanhas como a do garoto Bombril, “Meu Primeiro Sutiã”, da Valisère, e Democracia Corinthiana marcaram a TV décadas atrás. Relembre aqui as principais.

Quem é. Olivetto era paulistano, descendente de italianos e torcedor do Corinthians. Iniciou a carreira como estagiário em uma pequena agência da cidade aos 18 anos. Um ano depois, foi para a DPZ, onde ficou até 1986.

↳ Naquele ano, saiu para fundar a W/Brasil. A empresa hoje se chama WMcCann, após uma fusão com uma firma americana.

Internacional. Olivetto foi o principal publicitário da história da Folha, para quem produziu o comercial Hitler, de 1987, premiado com o Leão de Ouro em Cannes.

Essa campanha e a dos sutiãs Valisère foram as únicas brasileiras a constar na lista dos cem maiores comerciais no livro The 100 Best TV Commercials and Why They Worked.

Nos festivais de Cannes, conquistou mais de 50 prêmios apenas na categoria de filmes publicitários.

Também é o único latino-americano a ganhar um prêmio Clio, em 2001, pelo comercial “A Semana”, para a revista Época.

↳ Em 2015, Olivetto foi o primeiro não anglo-saxão a entrar para a lista do The One Club Creative, renomada organização que promove a excelência na publicidade.

Dentro das casas. O publicitário ajudou a construir marcas fortes no Brasil, como Bombril, Grendene e Itaú.

Recebeu várias propostas para fazer campanhas políticas, mas recusou todas.

Sim, mas… Em uma campanha para a marca de sapatos Vulcabras, de 1997, as estrelas foram Paulo Maluf e Leonel Brizola.

O sequestro. Conhecido como bon vivant, o publicitário teve uma vida repleta de prêmios, viagens, idas a botequins e galerias de arte, mas também enfrentou percalços.

Foi sequestrado e ficou 53 dias confinado em um quarto de um metro de largura por três de comprimento, sem janelas ou entrada de luz.

Ele foi resgatado com a ajuda de uma estudante de Medicina, que suspeitou de barulhos.

Mercado bilionário. A WMcCann de Olivetto está entre as cinco maiores agências do Brasil.

Em 2023, o segmento investiu R$ 23,4 bilhões na compra de espaço de mídia, um valor 10% superior ao de 2022.

Os dados são da Cenp (Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário), que não detalha os valores por agência e considera 336 empresas.

As cinco maiores em 2023:

Mediabrands (Reprise Digital + Mullen Lowe)

BETC Havas

Artplan

WMcCann

EssenceMediaCom (ex-Blinks Essence)

Para saber mais. A série ’30 Segundos’, da Max, mostra a era de ouro da propaganda brasileira, da ditadura até os algoritmos e inteligência artificial de hoje. Ela passa, é claro, pelas criações de Olivetto.

**AZUL E GOL RETOMAM O ‘NAMORO’**

As negociações para uma fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol voltaram. A informação foi publicada neste fim de semana pelo jornal Valor Econômico.

Concorrentes no mercado brasileiro, as empresas passam por dificuldades e tentam reorganizar as finanças.

A união dos negócios seria uma das soluções para o médio prazo.

Endividadas. A Gol está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, negociando dívidas com seus credores. Entenda como funciona aqui.

↳ O valor é estimado em US$ 8,3 bilhões (R$ 43,7 bilhões, considerando a cotação atual).

↳ Entre os principais credores estão o banco americano BNY Mellon, o Comando da Aeronáutica, a distribuidora de combustíveis Vibra e a fabricante de aeronaves Boeing.

A Azul também negocia suas dívidas, mas de forma extrajudicial, diretamente com os fornecedores. Na semana passada, anunciou que fechou um acordo de R$ 3 bilhões com arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos.

↳ A crise abriu espaço para a Latam.

Em crise. Companhias aéreas de todo o mundo ainda sofrem os efeitos da pandemia, levando as empresas a pedidos de socorro de diversos tipos.

No Brasil, o governo federal e a Câmara dos Deputados autorizaram recentemente o uso de até R$ 5 bilhões do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para empréstimos.

Por que a fusão: desde o início da recuperação judicial da Gol, a Azul mostra interesse na concorrente, que pertence à holding Abra, dona também da Avianca. A Azul contratou o Citi e o Guggenheim Partners para estudar a operação no começo do ano.

Fusões costumam oferecer ganhos de sinergia, unificando principalmente o administrativo. Juntas, as companhias teriam menos custos.

Em um dos modelos avaliados, seria formada uma nova companhia controlada pela Azul, mas com grande fatia das ações na mão da Abra.

Outro modelo, divulgado neste fim de semana pelo jornal O Globo, prevê que as duas marcas sejam mantidas separadas, operando de forma independente.

Nesse caso, a Azul passaria a fazer parte da Abra, ganhando assento no conselho.

Segundo o jornal, isso ajudaria a diminuir resistências do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que precisa aprovar a fusão.

Risco à concorrência. As empresas têm cerca de 30% do mercado brasileiro cada, atrás da líder LatAm, com 40%. Críticos afirmam que a fusão poderia colocar a concorrência do setor aéreo em risco.

↳ O assunto foi tema de um artigo de opinião do professor da FGV Márcio Holland. Leia aqui.

↳ Há risco de o valor das passagens aumentarem.

Juntas. As empresas se aproximaram nos últimos meses com uma parceria de voos. Clientes Gol podem acessar destinos da Azul com apenas uma compra, e vice-versa. Para isso, utilizam-se as conexões.

**DINHEIRO NA MÃO**

Pais e mães no Brasil ainda preferem o bom e velho dinheiro em espécie na hora de oferecer mesadas aos filhos.

Pesquisa publicada pela Folha neste fim de semana, quando se comemorou o Dia das Crianças, mostra que as cédulas são as preferidas de 59% dos pais e responsáveis.

↳ Já a transferência para conta digital das próprias crianças é utilizada em 23% dos casos.

↳ O estudo ouviu 1.540 pessoas maiores de 18 anos no Brasil, responsáveis por crianças e adolescentes.

Exceção. O uso do dinheiro em papel tem diminuído no Brasil. Desde que o Banco Central do Brasil criou o sistema Pix no fim de 2020, os pagamentos digitais dispararam.

Em setembro deste ano, o Brasil registrou um número recorde de operações: foram 227,4 milhões em apenas um dia.

Digital. Bancos têm apostado em oferecer contas especiais para crianças, visando à fidelização e à formação de futuros investidores.

Menores de 16 anos podem ser titulares de uma conta, mas precisam ser representados pelos responsáveis na abertura.

A vantagem é a segurança, praticidade e acesso a alguns produtos de investimento, como CDBs com saque diário. Veja aqui quanto rendem as principais aplicações de renda fixa.

↳ Alguns exemplos são as contas C6 Yellow, Inter Kids e Next Joy, todas desenhadas para o uso das crianças.

↳ Outras opções incluem a carteira digital Powpay e o cartão pré-pago Mozper.

Quem dá a mesada. A pesquisa também mostrou que 9 em cada 10 brasileiros concordam que o hábito de remunerar os filhos contribui para a consciência sobre dinheiro.

↳ No Brasil, seis em cada dez crianças recebem até R$ 100 por mês.

Sim, mas… Pouco mais da metade (56%) coloca o pagamento em prática. Entre aqueles que não dão nenhum tipo de mesada aos filhos, 27% afirmam não ter condições.

No Brasil, a educação financeira é considerada deficiente. De acordo com a última avaliação internacional Pisa, a maioria dos adolescentes brasileiros de 15 anos tem conhecimento abaixo do adequado.

↳ Artigo do colunista Michael Viriato mostra como pais podem ensinar sobre finanças. Veja aqui.

Falando nisso… O programa Cocoricó, sucesso da TV Cultura nos anos 2000, voltou ao ar no último sábado (12) com uma temporada focada em educação financeira. A Folhinha conversou com o criador da série

**DE OLHO NA BOLSA**

MRV, cujas ações lideraram as perdas na última sexta

A semana começa com investidores atentos não só à tendência geral da Bolsa, mas também ao desempenho de companhias como a construtora MRV.

↳ Na última sexta-feira, as ações da empresa foram as que tiveram o pior desempenho, com queda de 5,39% no pregão, fechando a R$ 7,36. Na semana, o recuo acumulado foi de 5,52%.

Mau humor. As ações da construtora vêm apresentando alta nos últimos seis meses, mas as incertezas econômicas da semana passada levaram à desvalorização.

As quedas no mercado foram atribuídas às incertezas quanto ao futuro das contas públicas no Brasil e ao corte de juros nos Estados Unidos. O dólar também disparou.

O setor de construção civil é um dos mais sensíveis aos juros altos, que esfriam a demanda por consumo.

A Bolsa brasileira saiu do patamar recorde de 137 mil pontos no fim de agosto e está agora abaixo de 130 mil pontos.

↳ O colunista Marcos de Vasconcellos analisa esses movimentos recentes da Bolsa.

A MRV. Apesar da queda de sexta-feira, dados financeiros prévios do último trimestre, divulgados pela empresa no começo de outubro, foram no geral bem avaliados por analistas.

Pesquisa de 6 de outubro do Santander Research, com 21 gestores de fundos de investimento, revelou que 42,9% pretende comprar ações da companhia, enquanto 28,6% vão manter e 9,5% pretendem reduzir.

↳ Segundo a prévia, a MRV fechou o terceiro trimestre de 2024 com vendas de R$ 2,7 bilhões, uma alta de 24,4%.

↳ Houve também aumento no número de unidades vendidas, de 10 mil para 11,2 mil.