SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O humorista Ary Toledo, uma das figuras mais importantes do humor brasileiro, morreu neste sábado (12), aos 87 anos. A informação foi confirmada nas redes sociais do artista. A causa da morte não foi divulgada.

“Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós. Sentiremos a sua falta Mestre.”

O velório será aberto ao público e acontecerá neste sábado, a partir das 14h, em São Caetano do Sul, município de São Paulo. O corpo do comediante deve ser sepultado às 19h.

Nascido na pequena cidade de Martinópolis, no interior paulista, em 1937, e criado em Ourinhos, no mesmo estado, Ary Toledo iniciou a carreira como ator só aos 22 anos, no Teatro de Arena. No entanto, antes de começar a atuar, ele trabalhou como bilheteiro, faxineiro e contrarregra do teatro.

“Queria ser ator, mas me deram o emprego de faxineiro. Topei e fui progredindo, até conseguir papéis centrais.” Trabalhou como bilheteiro e faxineiro por cerca de um ano. “Até que me colocaram no palco”, disse ele, em uma entrevista à Folha de S.Pauo.

Quando enfim passou a atuar, enfrentou aperto financeiro por causa da remuneração. “O salário era tão mal, tão baixo, que eu dormia no teatro mesmo. Não dava para pagar nem pensão.”

Foi numa peça de Augusto Boal, chamada “Revolução na América do Sul”, que Toledo fez uma de suas primeiras e mais importantes aparições como ator.

Conhecido pelas piadas escrachadas e o humor politicamente incorreto, Toledo participou de grandes montagens teatrais, como “Pobre Menina Rica” (1962). Sob a direção de Aloysio de Oliveira, atuou ao lado de nomes como Nara Leão e Vinicius de Moraes, também autor da peça ao lado de Carlos Lyra.

O humorista também ensaiou uma carreira musical e, mais tarde, gravou uma série de discos com canções cômicas. Sua primeira gravação em estúdio ocorreu em 1965, com “Tiradentes”.

Em 1968, produziu o espetáculo “A Criação do Mundo Segundo Ary Toledo”, na qual fazia chacota com o regime militar.

“Não tenho garotas de bunda de fora. No show, somos eu e meu violãozinho. Como diz o ditado popular: ‘Quem não tem cão, caça com gato’. Quem não tem gato, caça com ato”, disse ele, durante a peça, em referência ao Ato Institucional nº 5 — medida que aumentou a repressão da ditadura.

Depois da apresentação, dois agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) invadiram o camarim e prenderam o comediante. Ficou cinco horas detido em uma cela até ser levado ao coronel, que por sorte era fã do humorista. Depois de uma bronca, ele acabou sendo liberado.

O sucesso nos palcos o levou para programas de auditório comandados por Silvio Santos. Nas atrações, o comediante contava piadas e causos que arrancavam gargalhadas do apresentador, da plateia e dos telespectadores. O reconhecimento na televisão aumentava a popularidade de suas peças.

“O Silvio Santos foi totalmente responsável pela minha carreira”, disse o comediante em uma entrevista ao SBT por ocasião da morte do apresentador, em agosto deste ano.

Além das peças e dos programas de auditório, o comediante ficou conhecido também pelos discos em que narrava histórias hilariantes. Ele costumava dizer que tinha um acervo com mais de 60 mil piadas.

Foi casado com a também atriz e diretora Marly Marley por 45 anos, até o dia de sua morte, em 10 de janeiro de 2014.