SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), Aloizio Mercadante, criticou o processo de privatização da Sabesp concluído em julho deste ano pelo Governo de São Paulo.

Durante evento sobre saneamento na quarta-feira (9), Mercadante disse que a venda das ações estatais foi feita por um preço “errado” e questionou a ausência de interessados em virar acionista da maior companhia de saneamento do país.

“É muito difícil entender como, numa empresa daquela, é feito um processo de privatização com quase 20% abaixo do preço de mercado”, disse. “Imagina se algum empresário vendesse sua empresa 20% abaixo do preço de mercado, que está tabelado pelas ações que estão na Bolsa de Valores”, acrescentou.

A declaração faz referência à precificação das ações vendidas pelo Governo de São Paulo, que foi definida em R$ 67. O valor foi fechado após a Equatorial —única interessada em virar acionista de referência da Sabesp— apresentar sua proposta para comprar 15% da companhia.

Os R$ 67 pagos pela Equatorial e pelos investidores do mercado foram cerca de 20% inferior ao preço do papel da Sabesp na época, que encerrou a última sessão antes da privatização cotada a R$ 87. Com a desestatização, o governo estadual levantou R$ 14,77 bilhões.

A fala de Mercadante foi feita no momento em que ele comentava sobre os projetos de saneamento que foram estruturados ou tiveram contribuição do BNDES. Para ele, o banco de fomento deveria ter participado do desenho da privatização da Sabesp.

“‘Ah, mas teve 30 vezes mais capital na segunda etapa’. [Teve] porque o preço estava errado. Eu me pergunto por que as grandes empresas não disputaram a maior empresa [de saneamento] do Brasil e a segunda maior do mundo”, afirmou.

Mercadante levantou o questionamento para dizer que o Brasil precisa ter transparência e rigor. “[Precisa] Cobrar do setor público os melhor modelos de privatização, para ter eficiência, para que os melhores ganhem, para que a gente avance.”

Procurado desde a noite de quarta, o Governo de São Paulo não comentou.