BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Um homem de 34 anos morreu em Belo Horizonte, no último sábado (5), após ter sido detido pela Polícia Militar por desacato à autoridade. De acordo com a corporação, ele teria resistido à prisão e sido alvejado com uma munição de elastômero (bala de borracha) na perna durante a abordagem.

Michael dos Santos morreu cerca de 40 minutos após dar entrada em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), levado por uma viatura da PM. Ele acumula passagens por tráfico de drogas e é suspeito de ser um dos gerentes da “boca do Marrocos”, que atua no bairro Jardim Leblon, na região da Pampulha.

De acordo com informações do boletim de ocorrência, policiais atuavam em uma operação antidrogas no local quando receberam uma denúncia anônima de que o suspeito estaria com uma bolsa cinza com grande quantidade de drogas e a teria escondido próximo a um bar.

Os agentes foram até o bar, realizaram buscas no local e depois se dirigiram para o terreno ao lado, conhecido pela PM por servir como rota de fuga de criminosos que atuam na região.

Após encontrar a bolsa citada na denúncia com quatro barras de maconha, a polícia afirma que abordou o suspeito, que estava sentado numa calçada próxima ao terreno.

Ainda segundo o boletim, Santos aparentava estar nervoso e, ao ser perguntado sobre a bolsa com drogas, disse “vocês não vão me levar, ninguém vai ser preso aqui não, vocês são vermes, vão procurar outro para forjar” e recebeu voz de prisão por desacato.

Os policiais que registraram a ocorrência afirmam que ele resistiu à prisão desde o início. Ao ser colocado na cela dentro da viatura, o homem teria começado a chutar os agentes e tentado impedir que a cela fosse fechada.

Os policiais afirmaram que tentaram usar contra Santos uma arma de choque, mas não conseguiram.

Um dos agentes, então, pegou uma espingarda de calibre 12 e “realizou um único disparo consciente e direcionado à perna de Michael na tentativa de quebrar a resistência do autor”, diz o BO. Ainda de acordo com a PM, foi utilizada munição de elastômero.

O boletim afirma que mesmo após o tiro o suspeito continuou resistindo à prisão, e a cela só foi fechada após a chegada de reforço de outras viaturas.

Os policiais então encaminharam o suspeito até a UPA no bairro de Venda Nova, “procedimento de praxe quando há a utilização de força na ação policial”, disseram os policiais no boletim.

Ao chegar ao local, a corporação diz que Santos apresentava um sangramento na perna e estava com os olhos abertos, sonolento e com dificuldade de responder aos militares.

A equipe médica foi acionada e o homem teria morrido 40 minutos após dar entrada no local, segundo o registro policial. A ocorrência cita uma enfermeira que teria confirmado a informação.

Procurada, a PM afirmou que foi necessário o uso de força para conter “a resistência ativa imposta pelo preso”. Também disse que a corregedoria acompanhou o registro da ocorrência e que os fatos, bem como suas circunstâncias, serão devidamente apurados.

A Polícia Civil de Minas Gerais diz que o corpo do homem foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) e, em seguida, liberado aos familiares. Também afirma que aguarda a conclusão dos laudos que subsidiarão a investigação que apura a causa e circunstâncias da morte.