RANIER BRAGON E DANIELLE BRANT

GOIÂNIA,GO, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um dos principais partidos do país desde a redemocratização, o PSDB assistiu nas eleições deste domingo (6) a mais um capítulo da derrocada que vem enfrentando nos últimos anos.

Donos, ao lado do MDB, do maior contingente de prefeitos eleitos em 2020 —com 17 vitórias cada um—, os tucanos elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores —Santo André (SP) e Caruaru (PE).

Apenas cinco integrantes da sigla vão disputar o segundo turno —dois em cidades do Rio Grande do Sul, do governador Eduardo Leite (PSDB), e um em município de Pernambuco, da governadora Raquel Lyra (PSDB). Os outros dois são de Ponta Grossa (PR) e Piracicaba (SP).

O partido já vinha definhando municipalmente mesmo antes da eleição. Das 17 grandes prefeituras que conquistou há quatro anos, só manteve dez até hoje.

O maior símbolo do fiasco na atual eleição está em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.

Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.

Completando uma dezena de partidos em menos de dez anos, Datena havia antes ensaiado por quatro vezes se candidatar a um cargo eletivo, sempre desistindo na última hora.

Desta vez foi até o final, mas amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio ex-apresentador qualificou seu desempenho como “péssimo” e “horrível”.

É a primeira vez desde 2008 que o PSDB estará fora do segundo turno em São Paulo —excluindo 2016, em que a disputa foi vencida pelos tucanos ainda no primeiro turno.

Na Câmara de Vereadores, a situação é parecida. Em 2020, o PSDB elegeu oito vereadores. A disputa municipal deste ano, no entanto, deixou o partido sem nenhum representante na Câmara de São Paulo —o tucano com mais voto foi Mario Covas Neto, com 5.825.. Os vereadores debandaram após a decisão da Executiva municipal de negar apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e apostar em um nome próprio, que acabou sendo Datena.

No sábado (5), um dia antes da eleição, Perillo afirmou à reportagem que o trabalho atual é de tentar um recomeço. “A gente pegou o partido numa situação muito difícil, com os piores fundos eleitorais e uma bancada reduzida. Eu dei uma volta no país, consegui lançar mais de 700 candidatos a prefeito”, disse, afirmando que o lado positivo é de que quem ficou no partido se candidatou com entusiasmo.