RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – A prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD), 36, primeira mulher a governar a cidade paulista, foi reeleita neste domingo (6) no primeiro turno para seguir no cargo até 2028.

Com mais de 90 mil votos, 54,47%% dos válidos, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a jornalista evitou que a disputa fosse prolongada para um segundo turno ao obter mais votos que a soma de todos os seus adversários.

Também disputaram a eleição em Bauru (a 329 km de São Paulo) outros sete candidatos. Entre eles estão Chiara Ranieri (União Brasil), 49 —que ficou na segunda posição, com 17,9%. Na sequência, Raul Aparecido Gonçalves Paula, o Dr. Raul (Podemos), 63, que há quatro anos chegou ao segundo turno, e o ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta (PV), 56.

A vitória neste domingo difere do cenário de quatro anos atrás, quando sua campanha começou com apenas 14 segundos de tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Jovem, negra, evangélica e conservadora, Suéllen entrou na campanha somente com sua sigla, o Patriota, e fechou o primeiro turno com 36,49% dos votos válidos —percentual que chegou a 55,98% no segundo turno.

Apesar do ineditismo na política local, não dava para dizer que sua vitória era uma surpresa, já que dois anos antes, pelo mesmo partido, ela tentou ser deputada estadual. Obteve 15.572 votos e foi a terceira mais votada na cidade.

Já na disputa pela reeleição, a prefeita, natural de Dourados (MS), contou com o apoio de outros sete partidos (PP, PRD, PRTB, Avante, Republicanos, Solidariedade e MDB).

A vitória há quatro anos, porém, provocou mensagens racistas em um grupo de WhatsApp e em redes sociais, que fizeram com que ela fosse à Justiça para a identificação do autor. Um homem negro teria usado um perfil falso para as postagens e, em seu depoimento, disse que seu objetivo era fazer com que as pessoas num grupo numa rede social publicassem comentários similares para mostrar que elas são racistas. Ela também recebeu ameaça de morte.

Assumiu o mandato tendo como um dos problemas o abastecimento de água local, que persiste —agora agravado pelos incêndios que atingiram a cidade de 379 mil habitantes e parte do país nas últimas semanas—, e adotou pautas bolsonaristas, como pedir a abertura do comércio na pandemia de Covid-19.

Para isso, participou, por exemplo, de uma manifestação com aglomeração contra o então governador paulista, João Doria, ao lado do empresário Luciano Hang, sem máscara. Na época, fevereiro de 2021, a cidade tinha 98% de ocupação de leitos públicos e estava na fase vermelha do plano adotado pelo governo estadual, que previa rigorosas restrições.

O embate prosseguiu nos dias seguintes e Doria disse que ela fazia “vassalagem” ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em vez de proteger a população contra a Covid.

Também foi criticada por outras atitudes, como compartilhar vídeo de uma carreata em defesa da reabertura do comércio e cantar num culto da igreja evangélica que frequenta em que não havia distanciamento entre os fiéis. “Não sou negacionista, sou realista”, disse ela, à época, à Folha de S.Paulo.

Também se envolveu numa polêmica iniciada em redes sociais sobre banheiros multigênero de uma unidade do McDonald’s na cidade. Num vídeo que iniciou a repercussão, uma mulher disse que a rede de fast food, um símbolo do capitalismo, era “comunista” por adotar os espaços.

A prefeitura notificou o McDonald’s, sob a alegação de que exigências do Código Sanitário local não estavam sendo cumpridas, e a rede fez alterações nos sanitários. Antes da mudança, os sanitários tinham desenhos de bonecos que simbolizavam a permissão para uso individual de homens, mulheres ou pessoas que não se identificassem com esses gêneros. Após a notificação, passaram a ser divididos entre masculinos e femininos.

Já na campanha eleitoral deste ano, a prefeita foi à polícia registrar um boletim de ocorrência após ser vítima de manipulação digital feita com inteligência artificial.

Uma foto apócrifa que circulou por aplicativos de mensagens usando a técnica conhecida como deepfake, a retratava nua. Em nota, ela definiu o fato como “uma atitude criminosa e repugnante, coisa de gente mau caráter”.

Formada pela Unitoledo, em Araçatuba, antes de se dedicar à política Suéllen trabalhou por oito anos na TV Tem, afiliada da Rede Globo na cidade, na qual foi repórter e apresentadora.