JERUSALÉM, ISRAEL (FOLHAPRESS) – Na véspera do aniversário de um ano do 7 de Outubro, Israel lançou uma ofensiva terrestre pela primeira vez em meses contra a Faixa de Gaza. O objetivo, diz Tel Aviv, é desmantelar novas células do Hamas e evitar a reorganização grupo terrorista no norte da região palestina.

A ação envolveu tanques e blindados, além de ataques aéreos que se espalharam por todo o território ao longo da madrugada e domingo (6). Ao menos 20 pessoas morreram no norte de Gaza, segundo as autoridades locais.

Mas o ataque mais mortífero ocorreu no centro de Gaza, na área de Dei al-Balah. Lá, uma mesquita e uma escola foram atingidas, e ao menos 24 pessoas morreram e 93, ficaram feridas, segundo o ministério da Saúde ligado ao Hamas.

Israel afirma ter feito bombardeio de precisão conta bases do Hamas, que usualmente estão misturadas a centros civis. O grupo terrorista nega fazer isso, embora haja evidências fartas sobre a prática. Desde que foi atacado pelos palestinos há um ano, Israel tem assumido o desgaste das 41,8 mil mortes que a destruição de Gaza provocou.

No sábado, Tel Aviv emitido ordem de evacuação de civis da região que atacou, mas a precariedade da região dificulta movimentos: estima-se que 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza já tenham se deslocado internamente no conflito.

A operação israelense veio após as Forças Armadas decretarem estado de alerta para ataques terroristas devido ao aniversário do 7 de Outubro, o maior atentado de sua história, promovido pelo Hamas há um ano. Além disso, há a tensão devido à escalada do conflito para uma guerra maior, com a ofensiva contra o aliado do Hamas Hezbollah no Líbano e o bombardeio que o Irã promoveu na semana passada.

Eventos de celebração da memória das 1.170 vítimas e protestos por um acordo que solte os talvez 64 reféns ainda vivos em Gaza foram descentralizados por causa desse cenário. Jerusalém, que tem restrições menores para a reunião de pessoas, concentrou atos no sábado (5).

As operações no Líbano continuam, com uma das maiores séries de explosões desta guerra sendo registrada nos subúrbios da zona sul da capital libanesa. Por quase meia hora, colunas de fogo e fumaças eram vistas no céu da aurora.

Não há ainda balanço de vítimas. Desde que escalou a guerra contra o Hezbollah, Israel vem mirando os bunkers do grupo na capital, que costumavam ficar fora das escaramuças usuais entre os rivais desde a guerra de 2006.

Isso mudou agora, e na sexta retrasada (27) Tel Aviv matou o chefe da facção, Hassan Nasrallah. Na quinta (3), provavelmente atingiu seu sucessor presumido, Hashem Safieddine, que não mais foi visto. Ainda não há confirmação de seu paradeiro.

No sul libanês, os combates continuam entre forças terrestres de Israel e o Hezbollah. Tel Aviv disse no sábado (5) que já havia destruído 2.000 alvos do grupo na região e matado 440 soldados. Até aqui, relatou dez mortes israelenses.

Isso tudo ocorre enquanto o mundo espera a retaliação anunciada por Israel contra o Irã, o patrono do Hezbollah, do Hamas e de uma miríade de grupos contrários à existência do Estado judeu no Oriente Médio.

As opções mais duras, de bombardeio a instalações do programa nuclear de Teerã ou de sua capacidade de exportar petróleo, têm a oposição pública dos EUA, fiador de Tel Aviv. Como os iranianos miraram bases militares em seu ataque da terça (1), não é impossível uma retaliação semelhante, mas mais intensa.

Em qualquer um dos casos, o risco de a situação sair de controle de vez, com o envolvimento dos vitaminados ativos militares americanos na região, é grande.