SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os eleitores que se declaram bolsonaristas chegam à véspera das eleições municipais preferindo Pablo Marçal (PRTB) a Ricardo Nunes (MDB) na cadeira de prefeito de São Paulo, diante de uma campanha marcada pela divisão do eleitorado de direita e por idas e vindas na relação entre os três.

A vantagem do influenciador sobre o prefeito nesse público, porém, caiu de 25 para 17 pontos percentuais nos últimos dois dias, segundo o Datafolha. Marçal passou de 55% para 51%, enquanto o prefeito saiu de 30% para 34%, na comparação de pesquisas divulgadas nesta quinta (3) e neste sábado (5).

Nunes começou o ciclo de pesquisas do instituto, em junho, na dianteira no grupo. Após o início da campanha em agosto, porém, foi passado para trás pelo ex-coach. Conseguiu se recuperar com a reaproximação de Bolsonaro em setembro, mas na reta final viu o influenciador disparar de novo. Agora, conseguiu um pequeno alívio.

O mesmo movimento aconteceu entre os eleitores do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também chegam à reta final preferindo Marçal (45%) a Nunes (36%). Nesse grupo, porém, o prefeito até conseguiu recuperar a liderança em alguns momentos, mostrando que os esforços do governador por sua campanha deram algum resultado.

Por outro lado, os eleitores que se identificam como petistas mostraram migração constante durante toda corrida para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL): 39% diziam pretender votar nele em junho, porcentagem que atingiu o pico de 57% neste sábado.

O restante dos petistas se divide principalmente entre Nunes (17%) e Tabata Amaral (10%), como ocorreu durante todo o último mês. Já o apresentador José Luiz Datena (PSDB) foi quem mais caiu nesse público, começando a corrida com 13% e terminando agora com 4%.

Encomendada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, a pesquisa entrevistou presencialmente 2.052 paulistanos e está registrada na Justiça Eleitoral sob o código SP-05101/2024. A margem de erro geral é de dois pontos percentuais, mas sobe para quatro pontos entre bolsonaristas e eleitores Tarcísio, e três entre petistas. O nível de confiança é de 95%.

APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS

O vaivém na intenção de voto dos bolsonaristas na disputa em São Paulo, pendendo mais a Nunes ou a Marçal, acompanha os movimentos dos três durante a campanha.

Nunes começa o ciclo eleitoral liderando entre os apoiadores do ex-presidente, que já havia anunciado seu apoio formal a ele desde janeiro em uma live. O prefeito marca 42% nesse público em pesquisa Datafolha realizada de 2 a 4 de julho, contra apenas 22% do influenciador.

No dia seguinte, Marçal publica foto recebendo uma medalha de “incomível, imbroxável e imorrível” das mãos de Bolsonaro, que inicia seus acenos ao ex-coach. No levantamento seguinte, em 6 e 7 de agosto, o influenciador já começa a diminuir a diferença entre bolsonaristas, marcando 29% contra 38% de Nunes.

Uma semana depois, em entrevista à Rádio 96 FM, o ex-presidente afirma que Nunes não é seu “candidato dos sonhos” e elogia o rival: “Fala muito bem, uma pessoa inteligente, tem suas virtudes”, diz. O influenciador então ultrapassa Nunes entre seus eleitores na pesquisa seguinte, marcando 44% contra 30% do prefeito em 20 e 21 de agosto.

Nos dias seguintes, diante da ameaça, a família Bolsonaro trava uma batalha contra o influenciador nas redes, protagonizada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e se reaproxima de Nunes. Mas logo é obrigada a recuar e cessa os ataques frente à reação dos eleitores de direita na internet.

O maior sinal disso é o crescimento de Marçal no Datafolha em 3 e 4 de setembro, quando o e-coach chega ao seu pico entre eleitores de Bolsonaro: ele marca 48% nesse grupo, contra 31% de Nunes.