SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O eleitorado de João Pessoa, capital da Paraíba, vai às urnas neste domingo (6) sob tensão após denúncias de influência das facções criminosas na disputa pela prefeitura e por cadeiras na Câmara Municipal.

O prefeito Cícero Lucena (PP) concorre à reeleição na condição de favorito, mas foi alvejado nas últimas semanas por denúncias que resultaram na prisão de aliados e da primeira-dama, Lauremília Lucena.

O deputado federal Ruy Carneiro (Podemos), o ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT) e o médico Marcelo Queiroga (PL), ministro da Saúde do governo Bolsonaro, seguem embolados em um segundo pelotão e tentam buscar uma vaga em um possível segundo turno.

Também concorrem à prefeitura os candidatos Camilo Duarte (PCO) e Yuri Ezequiel (UP).

O prefeito Cícero Lucena iniciou a campanha embalado por uma ampla aliança e pelo apoio do governador João Azevêdo (PSB). Mas viu seu favoritismo ser ameaçado após a deflagração operação Território Livre, da Polícia Federal, que investiga o aliciamento violento de eleitores.

No inquérito da Polícia Federal, a primeira-dama é apontada como responsável por gerenciar os pedidos dos cargos e contratações na prefeitura, onde não tem cargo oficial.

Lauremília Lucena foi presa em 28 de setembro, mas teve a prisão revogada três dias depois. A Justiça Eleitoral da Paraíba justificou a decisão alegando que a primeira-dama não tem condenações criminais, possui residência fixa, ocupação lícita e constituiu advogado.

As investigações indicam a existência de um possível esquema criminoso em que integrantes da prefeitura viabilizavam a nomeação de servidores comissionados indicados por membros de facções. Em contrapartida, o grupo do prefeito receberia o apoio político e controle de territórios nas eleições.

No sábado, dia da prisão, o prefeito Cícero Lucena se disse alvo de “um ataque covarde e brutal” nas vésperas da eleição e que Lauremília demonstrará na Justiça que é vítima de perseguição.

Os candidatos de oposição, Ruy, Luciano e Queiroga se uniram para pedir a convocação de tropas federais para a eleição na capital paraibana. Apesar do desgaste do prefeito, os candidatos de oposição não ganharam tração nas pesquisas eleitorais.

Ruy Carneiro teve que lidar com a condenação em primeiro grau por peculato, fraude e lavagem de dinheiro, referentes à época em que foi secretário do governo Cássio Cunha Lima (PSDB).

Já Luciano Cartaxo (PT) não contou com a presença do presidente Lula (PT) durante a campanha, que chegou a cumprir agenda administrativa em João Pessoa no dia 30 de agosto, mas evitou qualquer ato partidário.

Cartaxo ainda enfrentou críticas pela aliança com o ex-governador Ricardo Coutinho (PT), principal alvo da operação Calvário, que investigou um esquema de corrupção na Paraíba de 2011 a 2018.

Candidato de Jair Bolsonaro, Marcelo Queiroga (PL) também não contou com a presença do ex-presidente durante a sua campanha. Quem visitou João Pessoa foi a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, já na última quinta-feira (3), mas com pouco efeito de mobilização.

Marcelo Queiroga, por sua vez, foi criticado pelos seus adversários pela condução na pandemia de Covid-19 no período em que foi ministro da Saúde.