CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Curitiba chega às urnas deste domingo (6) com cenário incerto sobre quem deverá enfrentar o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) no segundo turno.

A presença dele já é prevista pelas campanhas, mas o segundo lugar da corrida soa mais indefinido, o que tem feito parte da esquerda pedir voto útil em Luciano Ducci (PSB), apoiado por PDT e PT.

Dez candidatos se inscreveram para a vaga de prefeito: além de Pimentel e Ducci, Cristina Graeml (PMB), Felipe Bombardelli (PCO), Luizão Goulart (Solidariedade), Maria Victoria (PP), Ney Leprevost (União Brasil), Andrea Caldas (PSOL), Roberto Requião (Mobiliza) e Samuel de Mattos (PSTU). Curitiba tem um eleitorado de 1.423.764 pessoas.

A campanha começou embolada, com quatro nomes empatados tecnicamente na primeira posição, de acordo com pesquisa Quaest divulgada em 27 de agosto: Pimentel (19%), Ducci (18%), Requião (18%) e Leprevost (14%). Depois, a partir do início da propaganda eleitoral na televisão, em 30 de agosto, o quadro se alterou.

Pesquisa Quaest divulgada em 17 de setembro passou a mostrar Pimentel consolidado em primeiro lugar, com 36% das intenções de voto, seguido de Ducci (15%) e Leprevost (12%), empatados tecnicamente em segundo lugar. Já Requião derreteu: caiu de 18% para 8%.

Na reta final da corrida, contudo, as campanhas passaram a identificar um possível crescimento da apresentadora e comentarista Cristina Graeml, que até então não era considerada uma ameaça, com 5% das intenções de voto nas duas pesquisas da Quaest.

As campanhas adversárias avaliam que o eleitorado bolsonarista esteja migrando para a campanha de Cristina, o que tem gerado mudanças de estratégia às vésperas das urnas.

Cristina não tem direito a tempo de televisão, mas é atuante nas redes sociais e conhecida do eleitorado bolsonarista. Ela se engajou contra a vacinação na época da pandemia da Covid, não classifica o 8 de janeiro de 2023 como ato golpista e se apresenta como um nome “em defesa dos valores conservadores”.

Na última semana da campanha, ela gravou um vídeo com o candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, que defendeu o voto na curitibana, e frequentemente também diz que tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora o PL integre a coligação de Pimentel, com o ex-deputado federal Paulo Martins (PL) como candidato a vice-prefeito.

A coligação da esquerda, formada por PSB, PDT e a federação PT, PCdoB e PV, tem feito um apelo nesta reta final para que os eleitores considerem o voto útil em Luciano Ducci, para garantir a continuidade dele na disputa e impedir um segundo turno entre “a extrema direita [Cristina] e a direita [Pimentel]”.

Além de Ducci, outros dois nomes se associam ao campo progressista, Roberto Requião e Andrea Caldas, o que pode dividir os votos da esquerda.

Já a campanha de Pimentel tem se esforçado para exibir mais os laços com o bolsonarismo, e recentemente colocou no ar um depoimento do aliado Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Para a campanha, um eventual segundo turno com o campo da esquerda o favoreceria na disputa.

Pimentel é apoiado pelo atual prefeito, Rafael Greca (PSD), e pelo governador Ratinho Junior (PSD).

Nesta última semana, ele precisou reservar espaço da campanha para se defender. Um áudio vazado nesta terça-feira (1) mostrou um superintendente da prefeitura coagindo servidores para que eles colaborassem com até R$ 3.000 para um jantar ligado à campanha de Pimentel. Após o caso vir à tona, a prefeitura demitiu o superintendente e alegou que se tratava de um caso isolado.

A campanha de Pimentel negou participação no episódio, mas os rivais têm explorado o assunto e cobram investigação da Polícia Federal.

Cristina também teve percalços. Ela começou a campanha com atropelos –a cúpula do PMB nacional tentou barrar a própria filiada da disputa– e, na última semana, ainda enfrentou desgastes com seu candidato a vice-prefeito, Jairo Filho (PMB).

Ele é alvo de um processo judicial movido por uma mulher idosa por supostos apropriação indébita e estelionato, o que ele nega, alegando se tratar de uma simples execução de dívida.