SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sem perder a sintonia com aquilo que se desenrola fora das salas de exibição, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo chega no próximo dia 16 à sua 48ª edição com um olhar atento aos conflitos que alçaram o Oriente Médio às manchetes no último ano.

Também não perdeu a determinação na hora de assegurar alguns dos títulos mais badalados do ano, repetindo a exibição do vencedor da Palma de Ouro em Cannes -desta vez, “Anora”, de Sean Baker- e do Urso de Ouro em Berlim -“Dahomey”, de Mati Diop.

Ao todo, quase 400 filmes vão se revezar, até o dia 30 deste mês, nas 29 salas que integram o circuito da maior mostra de cinema do país. Na lista estão Cine Stayros Bijou, Cineclube Cortina, Cinemateca Brasileira, Cinesesc, Espaço Augusta, Cinesystem Frei Caneca, Cinesystem Morumbi Town, IMS Paulista, Kinoplex Itaim, Reserva Cultural, Sato Cinema, Spcine Olido e CCSP, além de centros culturais e unidades do CEU, estes com entrada gratuita.

Sessões especiais serão sediadas na Sala São Paulo, no Museu da Língua Portuguesa e no Vale do Anhangabaú.

Da seção principal do Festival de Cannes, a Mostra de SP puxou ainda “All We Imagine as Light”, da indiana Payal Kapadia, que venceu o grande prêmio, “Grand Tour”, do português Miguel Gomes, que levou melhor direção, “O Senhor dos Mortos”, do canadense David Cronenberg, “Marcello Mio”, do francês Christophe Honoré, e “Caught By the Tides”, do chinês Jia Zhang-ke.

Do Festival de Veneza, os destaques são “Vermiglio”, de Maura Delpero, e “O Brutalista”, de Brady Corbet. Ambos venceram quatro prêmios paralelos na cidade italiana, além do grande prêmio do júri e o troféu de direção, respectivamente.

Em sintonia com a guerra entre Israel e Hamas, que na semana que vem completa um ano, a programação apresenta diversos títulos que tratam do delicado xadrez político e da violência na região. Entre eles, “A Lista”, de Hana Makhmalbaf, “Aqui as Crianças Não Brincam Juntas”, de Mohsen Makhmalbaf, “Retrato de um Certo Oriente”, de Marcelo Gomes, e “Shikun” e “Why War”, ambos de Amos Gitai.

“No Other Land” deve chamar a atenção depois de seu diretor israelense, Yuval Abraham, comparar a situação na Faixa de Gaza ao apartheid, em seu discurso de agradecimento pelo prêmio de documentário no Festival de Berlim, gerando celeuma. O longa também teve direção do ativista palestino Basel Adra.

Ainda são destaques os novos filmes de Asif Kapadia, Tsai Ming-liang, Hong Sang-soo, Radu Jude, Leos Carax, Alonso Ruizpalacios, Alain Guiraudie, Lav Diaz, Jason Reitman, Amos Gitai e Ruth Beckermann.

A seleção brasileira segue forte, com novidades de Petra Costa, Marcelo Caetano, Marco Dutra, Fernando Coimbra, Aly Muritiba, Anna Muylaert e o aguardado “Ainda Estou Aqui”, drama de Walter Salles que vai tentar uma vaga para o Brasil no Oscar.

A abertura, neste ano na Sala São Paulo, ficou com “Maria Callas”, aguardada cinebiografia que encerra a trilogia feminina do diretor chileno Pablo Larraín. Angelina Jolie, ventilada como uma das favoritas ao próximo Oscar, encarna a diva da ópera.

Pela primeira vez, a Mostra realiza a Mostrinha, lineup preenchido por filmes pensados para as crianças. Na abertura, também na Sala São Paulo, Sérgio Machado e Alois Di Leo apresentam a animação “Arca de Noé”. “Castelo Rá-Tim-Bum”, por sua vez, ganha festa de aniversário com a exibição de episódios da série, que faz 30 anos, e do filme, que faz 25.

Homenagens também serão estendidas a Marcello Mastroianni, que teria feito cem anos no mês passado e ganha retrospectiva, ao cineasta Satyajit Ray e o cinema indiano, tema desta edição da Mostra, e a Raoul Peck, que recebe o prêmio Humanidade e exibe “Ernest Cole: Lost and Found”, sobre o fotógrafo que registrou o apartheid na África do Sul.