SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O setlist de Bruno Mars, que fez seu primeiro show de 14 apresentações no Brasil nesta sexta-feira (4), mudou pouco desde a última aparição do músico no país, há cerca de um ano. Mas a efusividade do público do MorumBIS mostrou que o cantor tampouco precisava de alterações em sua fórmula de sucesso.
Há pouco mais de um ano, Mars fez a cabeça dos fãs presentes no The Town, festival onde se apresentou duas vezes. O cantor foi capaz de esgotar em horas os ingressos para os dias do evento em que era headliner. Ele, então, devolveu o carinho na mesma moeda, falando português e cantando “Evidências” no meio de seu set.
Dessa vez, o mega hit de Chitãozinho e Xororó não fez parte do repertório – foi substituído pelo tecladista tocando um trecho de “Cheia de Manias”, do Raça Negra -, mas Bruno se mostrou tão aclimatado com o Brasil quando estava há treze meses.
Antes do show começar, pouco depois das 21h, os telões exibiram um vídeo que o havaiano gravou nas ruas do Rio de Janeiro em sua última visita, junto com imagens de suas apresentações no The Town. Assim que subiu ao palco, soltou, em português: “Bruninho voltou, porra!”, referenciando o apelido que ganhou dos fãs brasileiros.
Grande parte do apelo do show, é claro, tem a ver com os tantos hits do cantor – muitos com mais de um bilhão de execuções no Spotify -, que encarnam um retrofuturismo particular. Inspirados no funk e soul das décadas de 70 e 80, as faixas não soam tão nostálgicas pela produção polida e influenciadas pelos graves do hip hop e R&B contemporâneos. O resultado é que Mars agrada todas as gerações das famílias que marcaram presença no MorumBIS.
O carisma do cantor também é indiscutível. Durante os 120 minutos de apresentação, ele canta com primor, toca guitarra e piano e dança coreografias com os outros membros do Hooligans, banda que o acompanha na estrada há anos e também esteve aqui em 2023.
Mas todas as gracinhas do show são as mesmas que deram as caras no ano passado. No outro estendido de “Billionaire”, ele alterou o refrão para dizer “I see my name in bright São Paulo lights”, como fez nos dois shows do The Town. A ligação telefônica que ele simula durante “Calling All My Lovelies” permaneceu a mesma, com o cantor dizendo “oi, gostosa, aqui é o Bruninho” – com o adendo de que, dessa vez, ele adicionou um “last time, you called me Brunão” (“da última vez, você me chamou de Brunão”).
Mars sabe que nada disso são deméritos. Pelo contrário, a consistência do cantor só aumenta sua popularidade entre o público que estava lá, afinal, para ouvir hits e sentir uma conexão com o cantor. O público vibrou com cada hit e cada interação, com destaque para “Billionaire” e a romântica “Marry You”. Mesmo na mesmice, o show é inegavelmente contagiante e divertido.
Na reta final do show, o cantor vai para o piano e canta um medley de faixas de sucesso, como “Grenade”, “Talking to the Moon” e “Leave the Door Open”, de seu álbum em parceria com o músico Anderson.Paak, de 2021. O havaiano não lançou novos trabalhos desde então, com exceção de “Die With a Smile”, com Lady Gaga, que ele tocou ao final do pout-pourri.
A sequência de hits é uma lembrança da potência de Mars, que já foi chamado de “o novo rei do pop” – tanto por suas belas perfomances quanto por sua inspiração em ícones como Michael Jackson e Prince.
Encerrando o show com a enérgica “Locked Out of Heaven” e a romântica “Just the Way You Are”, antes do bis com “Uptown Funk”, “Bruninho” e sua trupe mostraram ao Brasil que o carisma e o suingue do havaiano ainda ficará intocado nos próximos 13 shows que fará no Brasil.