SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em live transmitida nesta sexta-feira (4), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) e pediu para que os eleitores de direita da cidade votem em Ricardo Nunes (MDB) para evitar o que chamou de “extrema esquerda”.

“A gente está lutando pela reeleição do Ricardo Nunes. Por vezes a gente tem que fazer opções na vida e tem gente que não gosta. Quando tem dois turnos, no primeiro turno é para votar no que mais gosta e o segundo é para decidir”, afirmou.

Bolsonaro e Nunes estão na mesma aliança na capital paulista, mas pouco se apresentarem juntos ao eleitor ao longo da campanha.

Ainda na live, o ex-presidente falou que a escolha do apoio a Nunes foi uma “indicação superior” e que coube a ele indicar o candidato a vice, Mello Araújo (PL), que também participou da transmissão.

Em outro momento, Bolsonaro atacou Marçal, que tem mais da metade do voto bolsonarista na capital, segundo pesquisa Datafolha. O ex-presidente chamou o influenciador de “idiota” e o criticou por falas a respeito de uma divisão no campo da direita.

“Se alguém acha que vai rachar a direita dessa forma, está errado. Primeiro, quem uniu a direita foi você que está falando? Você, seu idiota, o que você fez pela direita para estar cantando de galo aí? Gente que nunca foi vereador, nas minhas costas teve centenas de milhares de votos. Cresça e apareça, pô.”

Bolsonaro chamou Marçal de “fofoqueiro” por causa de uma fala em que o influenciador afirmou que o ex-presidente tirou o pré-candidato Gustavo Gayer (PL) da disputa pela Prefeitura de Goiânia para satisfazer o centrão.

Em evento de campanha nesta sexta, Marçal tentou avançar mais sobre o eleitorado bolsonarista, defendendo o impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Ele disse ter esperado para fazer isso apenas nos dias finais da campanha. “Não poderia ter feito isso antes estando em um partido de pouca expressão, agora não tem mais o que fazer.”

Também na live, Bolsonaro buscou mostrar que ainda detém a liderança da direita no Brasil, citando resultados de candidatos bolsonaristas em capitais após o apoio explícito do padrinho.

“Nós fazemos lideranças pelo Brasil. Por exemplo, o Capitão Alberto Neto está liderando as pesquisas agora em Manaus. Com todo respeito, não iria para a frente [sem o apoio]. Todo mundo precisa de ajuda, como eu fui ajudado antes”. Ele também citou Bruno Engler (PL), em Belo Horizonte, e André Fernandes (PL), em Fortaleza.

VOTO ÚTIL

Bolsonaro apelou a eleitores de direita em São Paulo para que votem em Nunes para impedir uma vitória de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa. Ele chamou de “amor de verão” a aproximação dos eleitores bolsonaristas com Marçal.

“Apelo ao eleitor de direita em SP, faça um raciocínio. Coloca na mesa os três candidatos e veja se é o caso de mudar ou não. Veja se você está escolhendo com razão, e não com emoção”, disse.

Mello Araújo lembrou da condenação de Marçal ao pedir voto em Nunes. “São Paulo vai ter dois turnos, não tem como não ter. Quem fala que não vai ter, mente, é impossível. Aí fica fácil para o pessoal escolher. Acho que a régua começa assim: quem nunca foi preso, quem nunca foi condenado, quem nunca foi indiciado. Nós temos o Ricardo Nunes.”

Ao citar o nome do prefeito e companheiro de chapa, Mello foi repreendido por Bolsonaro: “não fala o nome de mais ninguém aqui, tá?”.

Mello continuou, dizendo que chegou a receber propostas de outro candidato, comparando com o episódio bíblico em que Jesus é tentado por Satanás. “Nesse trajeto, o diabo tenta a gente, e eu fui tentado algumas vezes. Teve candidato que queria que eu fosse o vice e eu não aceitei. Teve candidato que tentou me comprar, dizendo: ‘vem trabalhar comigo, eu te pago o dobro'”, afirmou.

No final da live, Bolsonaro falou que a eleição de São Paulo decidirá os rumos nacionais, indicando pensar nas eleições de 2026. Ele apelou aos eleitores insatisfeitos com Nunes: “Quem tiver dificuldade, faz assim [fez gesto de tapar os olhos] e vota 15”.